São Paulo, quarta-feira, 14 de fevereiro de 1996
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Esclarecimentos; Diálogo; Universidades públicas; Dissecação fiscal; Funcionalismo público; Desemprego; Feministas; Michael Jackson; Mercado restrito

Esclarecimentos
"Este prestigioso jornal publicou nos últimos dias diversos textos do articulista Fernando Rodrigues -todos criticando o possível acordo entre os governos federal e do Estado de São Paulo com vistas a uma solução envolvendo dívidas do Estado para com o Banespa. Sobre o artigo publicado no dia 25/1 sob o título 'Isto é Covas', onde o articulista demonstra completo desconhecimento do estágio em que se encontra o processo de privatização das estatais paulistas: esclareço que a empresa não possui nenhum armazém com o nome de Ceagesp, e certamente o local por ele referido denomina-se Entreposto Terminal de São Paulo -onde os produtores e permissionários nele instalados comercializam aproximadamente 2,7 milhões de toneladas dos mais variados produtos hortigranjeiros. Saliente-se ainda que o Estado não participa dessa comercialização, ao contrário do afirmado pelo articulista. A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, cuja sigla é Ceagesp, é integrada não apenas pelo Entreposto Terminal de São Paulo, mas também por outros 12 Ceasas regionais, dezenas de grandes armazéns, silos e graneleiros, além de frigoríficos de pescado e um grande armazém frigorífico polivalente. Todo esse complexo deverá ser transferido para a iniciativa privada nos próximos meses. A avaliação econômico-financeira e patrimonial da empresa já foi realizada por dois consórcios e no momento está sendo elaborado o modelo para a venda do patrimônio. E não é apenas a Ceagesp que deverá ser privatizada pelo atual governo. Outras importantes estatais igualmente serão transferidas para a iniciativa privada. Prestados esses esclarecimentos podemos então dar como correto o título 'Isto é Covas'."
Massahaki Shimada, diretor-presidente da Ceagesp -Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (São Paulo, SP)

Diálogo
"Tem razão Geraldo Peixoto ('Painel' de 11/02), é lamentável o que fizeram os profissionais da saúde mental, que fecharam o hospital-dia de Pirituba e Perus, não querendo dialogar na implantação do PAS na região. Em outras regiões e com outras cooperativas está havendo uma implantação mais adequada."
José Knoplich, coordenador-executivo do PAS -Plano de Atendimento à Saúde (São Paulo, SP)

Universidades públicas
"A reportagem sobre universidades públicas publicada em 4/2/96 omite o principal. Fundações que funcionam dentro das universidades públicas usando prédios, equipamentos, funcionários e avais públicos, mas privatizam a receita. É o velho sistema das elites. Socializam o prejuízo e privatizam a receita. Enquanto isso o ensino básico público não presta."
Luiz Gornstein (São Paulo, SP)

Dissecação fiscal
"Poucas são as pessoas que conseguiram atentar para o aspecto mais importante da implantação do imposto do cheque. A partir do momento em que o imposto (ou contribuição) esteja vigorando, obviamente os bancos irão fazer as retenções incidentes sobre cada cheque, nominando o contribuinte e o número do seu CIC (cadastro de identificação). Com esses dados a fiscalização aplica uma equação matemática simples por meio de um programinha banal de informática e chega ao resultado de quanto o contribuinte movimentou em sua conta no período apontado. Confrontado esse dado obtido ante a informação do banco com a declaração de rendimento, nada mais há a ser perquirido para a imposição da multa pela infração, se for o caso. Existe uma certa artificialidade governamental para justificar o endereçamento do imposto, como se ele fosse para melhorar a situação da saúde do brasileiro. O Congresso talvez ainda não tenha se apercebido da verdade que se esconde sobre a proposição, mas facilmente chega-se a uma conclusão de que a operação IPMF/CMF é uma arma engendrada contra o contribuinte para mapear os números da sua rentabilidade. Isso é fora de qualquer dúvida. Acho pessoalmente que por detrás da proposta existe um objetivo maior, que é a dissecação, a radioscopia aprofundada que a Receita Federal fará -com uma facilidade incrível- para benefício da sua fiscalização. E a respeito disso ninguém fala. Ninguém viu."
Eliah Duarte (Recife, PE)

Funcionalismo público
"Que tal a Folha, neste momento tão importante da vida nacional, praticar um pouco de jornalismo imparcial e informar ao público leitor algumas verdades que o governo não divulga? Podemos colaborar com algumas idéias, como por exemplo: o funcionalismo público tem estabilidade, mas não tem FGTS. O funcionalismo público aposenta-se com salário integral, mas paga previdência sobre sua remuneração total. A propósito de enxugamento da máquina do Estado, é mesmo necessário acabar com a estabilidade para demitir os excedentes? A simples demissão dos que entraram por apadrinhamento, sem concurso público, não seria suficiente? É mesmo necessário mudar a Constituição para enxugar os quadros? E quanto ao déficit público? Não seria menos traumático para o tão sofrido povo brasileiro atacá-lo via aumento de arrecadação, combatendo a sonegação, aparelhando os sucateados órgãos arrecadadores? Que tal a Folha brindar os seus leitores com uma análise lúcida sobre os prejuízos à população que essa corrida para a aposentadoria causará? Alguém já pensou no que será a universidade brasileira daqui para a frente, com a aposentadoria em massa de professores que estão sendo seriamente ameaçados pela reforma previdenciária? Alguém já pensou que quando a universidade chegar ao fundo do poço, se ainda não chegou, o objetivo é a privatização e então será negado aos menos favorecidos o acesso à ela?"
Alzira A. C. Riquieri, secretária geral da Delegacia Sindical dos Auditores-Fiscais do Tesouro Nacional em Uberlândia (Uberlândia-MG)

Desemprego
"Em maio do ano passado a Folha colocava que o índice de desemprego era de 5%. A empresa onde eu trabalhava tinha 230 funcionários. Hoje só tem 90. Provavelmente vai mandar mais gente embora. Estou desempregado pela terceira vez e nunca vi tanta gente fazendo filas. Das outras vezes em três, quatro meses eu já arrumava outro emprego; agora já tenho seis meses e nada. E vem o presidente dizer que caiu de 5% para 4% o índice de desemprego e que o país está muito bem. Deve ser porque ele só viaja. Mas vocês da Folha com esse índice, jornal em que botava tanta fé? Será que existe tanto trouxa neste país que acredita nisso? Eu espero que não, porque com essa imprensa manipuladora estamos todos perdidos."
Nelson Moreira da Silva (São Paulo, SP)

Feministas
"Que coisa mais antiga a posição de Maricy Trussardi na Folha de 11/02, 'xingando' dona Ruth Cardoso de feminista e se auto-intitulando feminina. Se ser feminista é ter idéias próprias e saber defendê-las, é conhecer seu espaço e ocupá-lo com dignidade e competência, como dona Ruth o faz, então também quero ser feminista."
Sylma Corrêa (São Paulo, SP)

Michael Jackson
"É impressionante um astro vir à nossa casa, pagar aos traficantes seu show no morro Dona Marta e, para completar, usar uma máscara para proteção de possíveis 'doenças tropicais'."
Ana Lúcia Fusco (São Paulo, SP)

Mercado restrito
"Chega a causar asco o artigo assinado pelo sr. Nizan Guanaes, publicado na Folha de 5/2. Ele publica a descarada mentira segundo a qual no setor de serviços de propaganda e marketing há 'trabalho e perspectiva de sobra para todos'. É por causa de mentiras como essa que milhares, senão milhões de jovens vêm, ano após ano, atirando à lata de lixo seu futuro profissional na absolutamente ilusória esperança de trabalhar em publicidade. Trata-se de um mercado minúsculo e destinado apenas a amigos, filhos, amantes, primos etc. O talento não vale coisa alguma."
Paulo Azevedo (São Paulo, SP)

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