São Paulo, quarta-feira, 21 de fevereiro de 1996 |
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Brasil assume apoio a acordo com México
EMANUEL NERI
FHC fez esse comentário em café da manhã com 250 empresários mexicanos. O presidente reconheceu que não é um tema fácil de ser resolvido, principalmente por causa da participação mexicana no acordo do Nafta. O Nafta é o acordo de livre comércio entre México, Estados Unidos e Canadá. Auxiliares de FHC acreditam que os mexicanos se tornaram uma espécie de reféns do Nafta. Por isso, o interesse do acordo com o Mercosul. Em reunião anteontem entre FHC e o presidente Ernesto Zedillo, do México, o governo mexicano propôs o acordo com o Mercosul. Quer a redução de tarifas alfandegárias entre os países e a liberação de investimentos em áreas de serviços. Havia dúvidas do próprio México sobre a aproximação com o Mercosul. Setores do governo gostariam de um entendimento bilateral de livre comércio apenas com o Brasil. Alguns empresários também apostavam nessa fórmula. Mas o governo brasileiro já avisou que a negociação tem de ser feita diretamente com o Mercosul. Zedillo entendeu o recado. Na chegada de FHC, falava de uma "aliança estratégica" com o Brasil. Depois, ampliou a proposta para o Mercosul. Os dois países divulgaram nota conjunta sobre as conversações entre os dois presidentes. Houve divergências. O Brasil resistia à expressão "aliança estratégica", por achar os termos desgastados pelo uso militar. Eles ficaram por insistência mexicana, mas antecedidos pela palavra construção, o que amenizaria o conteúdo, segundo os brasileiros. Na palestra para os empresários mexicanos, FHC disse não haver ainda uma fórmula especial para o acordo México-Mercosul. "Há problemas normais, dificuldades. Mas isso não significa que não se possa conversar", disse. "O processo é nessa direção." O presidente lembrou que até recentemente o Mercosul pretendia implantar o sistema conhecido por "quatro mais um" -os quatro países do Mercosul fariam um acordo direto com o Nafta. "Agora há problemas políticos nos Estados Unidos, dificuldades aqui e ali. Isso é normal", afirmou. "Esse processo de aproximação poderá ser feito com o México. Somos muita gente, um mercado forte. Então, por que não juntos?" "Uma coisa eu posso garantir. Tudo o que vem do México vai ser encarado pelo Brasil com muito otimismo, com muita vontade de atender. Podemos estar juntos. O resto é questão prática", disse. "São questões práticas que temos que ver (no acordo), o que sim, o que não, de que forma se faz", afirmou. "Mas estou convencido que juntos vamos fazer muito mais." FHC voltou a dizer que levará a proposta mexicana aos parceiros do Mercosul. "Temos que conversar com os argentinos, os uruguaios, os paraguaios e ver também como se faz corretamente." "Tem o problema do comércio (do México) com os Estados Unidos, com o Canadá. Não é um assunto que possa ser resolvido de imediato, de forma simples", declarou. "Mas tenho convicção de que, com boa vontade e competência, vamos resolver." Reforma Na saída da palestra, FHC negou que pretenda fazer reforma ministerial. "Eu estou aqui. Nem estou pensando nisso. Vocês é que ficam inventando", disse aos repórteres. (Emanuel Neri) Texto Anterior: EFEITO TEQUILA Próximo Texto: A NOTA CONJUNTA BRASIL E MÉXICO Índice |
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