São Paulo, quarta-feira, 21 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fernando Vanucci escorrega na avenida

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Todo ano é a mesma coisa, e todo ano é completamente diferente. O que é, o que é? Ora, é a única festa do planeta que desdenha a contradição, o Carnaval carioca.
Estive no Sambódromo na noite de domingo e vibrei com os desfiles. Da Portela, da União da Ilha, da Mocidade. Não há o que tirar nem pôr. O espetáculo é uma glória, mesmo aos olhos de alguém como eu, que não gosta de samba, é ruim da cabeça e doente do pé. É bonito, é bonito e é bonito até para alguém do meu feitio, que não é chegada em folclore, dança típica, festa a fantasia e que tais.
Mas, se o recheio foi a maravilha de sempre, o mesmo não pode ser dito da cobertura do bolo.
Senão, vejamos: o que era aquele cheiro hediondo de urina que insistia em invadir as narinas dos VIPs que se acotovelavam nos camarotes?
O que significava aquele monte de gente tentando chegar mais no tal do Ron Wood, o rolling stone que, na época áurea, nem mesmo fazia parte do grupo? Se o Ron Wood resolvesse dar as caras em qualquer pub londrino, em algum café parisiense ou, até, em um bueiro higiênico de Berlim, ninguém daria a menor bola. Seria sistematicamente ignorado. Mas bastou o velho desembarcar no Carnaval carioca para ser imediatamente tratado como a celebridade mundial mais quente do momento. Ó vida, ó dor...
O Rio está mesmo na lama. Em pleno sábado de Carnaval, quando o sistema de informações da Telerj deveria estar funcionando a mil, uma gravação informava aos inocentes que discavam 102: "Queira desculpar, mas estamos com o sistema fora do ar". E depois ainda tem uns "ishpértos" que não querem ver a Telerj privatizada...
E neste ano o troféu "Escorreguei na Avenida", como era de se esperar, vai para o comentarista da Globo, Fernando Vanucci.
Lá pelas tantas, durante o desfile da Unidos de Vila Isabel, o "Alô, você!" conseguiu a proeza de trocar o nome do carnavalesco da escola, Max Lopes, por Max Nunes. O genial Max Nunes, você sabe, ó leitor de boa memória, se mandou da Globo junto com o Jô Soares há muitos, muitos carnavais...

Texto Anterior: Pelourinho revê velhos carnavais
Próximo Texto: Divórcio à vista 1; Divórcio à vista 2; Gracinha; Feliz Ano Novo!
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.