São Paulo, quarta-feira, 21 de fevereiro de 1996
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Tráfico e tiroteios recheiam "Clockers"

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

Filme: Irmãos de Sangue
Direção: Spike Lee
Elenco: John Turturro, Harvey Keitel, Mekhi Phifer, Isaiah Washington, Delroy Lindo
Estréia: hoje, no cine Belas Artes (sala Oscar Niemeyer). A estréia está prevista para hoje, mas não foi confirmada pela distribuidora. Confirme-a pelo tel. (011)258-4092 antes de sair de casa

"Irmãos de Sangue" (Clockers), de Spike Lee, é mais um longa sobre traficantes de droga negros em choque com a polícia branca de Nova York.
Há tiroteios, traficantes andando em carros de luxo e adolescentes servindo de intermediários na venda de cocaína. Eles são os "clockers" (gíria que designa os garotos que fazem ponte entre consumidores e traficantes).
Apesar do cenário igual a vários outros filmes, "Clockers" tem algumas diferenças. Porque a violência típica das histórias de traficantes serve de pano de fundo para outro tema muito mais interessante: o relacionamento entre dois irmãos criados no mesmo bairro, mas absolutamente diferentes.
Strike (Mekhi Phifer), o mais novo, é um aprendiz de traficante eleito pelo barão da área para ser seu sucessor. Já Victor (Isaiah Washington), é um pai de família trabalhador aterrorizado com a possibilidade de perder o emprego e não poder sustentar a família.
Quando um rival de Strike aparece morto e Victor confessa a culpa, o veterano detetive Rocco Klein (Harvey Keitel) fica intrigado e resolve investigar o caso com atenção, para desespero do maior traficante da área e mentor de Strike: Rodney Little (Delroy Lindo).
"Clockers" é uma adaptação do best seller de mesmo nome escrito por Richard Price (de "A Cor do Dinheiro") em 1992 e baseado em história real.
"Gostei de 'Clockers' porque ele mostra que nem todo mundo que vive nos bairros pobres das grandes cidades americanas é traficante. O filme é pesado, mas tem uma mensagem positiva", disse Lee à Folha.
Os dois maiores trunfos de "Clockers", entretanto, não estão na história. O primeiro é a atuação do estreante Phifer, 17, que cresceu no Harlem e nunca havia pensado em ser ator até ser levado por um primo para os testes do filme. Lee tem tradição de lançar atores desconhecidos, como fez com Wesley Snipes, Rosie Perez e Samuel L. Jackson.
O segundo trunfo é a trilha sonora. Lee ressuscitou nomes como Chaka Khan e Crooklyn Dodgers, que se misturaram a Seal e Des'ree. A trilha é suave, cheia de baladas. Segundo Lee, é prova de que "Clockers" não é só um filme sobre traficantes.

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