São Paulo, quarta-feira, 21 de fevereiro de 1996
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'Um Hotel Muito Louco" faz humor com incesto e lesbianismo

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MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Um Hotel Muito Louco" faz humor com incesto e lesbianismo
"Um Hotel muito Louco" é bizarro, como convém a uma adaptação de romance de John Irving. A história mostra uma família tão americana quanto a torta de maçã, os desvios sexuais e os 15 minutos de fama na TV.
A adaptação fiel do veterano diretor inglês Tony Richardson, que morreu em 1991, não desapontaria Nelson Rodrigues. O catálogo de perversões inclui incesto, sugestão de zoofilia, homossexualismo (ainda é perversão?) e estupro por um time de futebol americano. Por acaso, um dos personagens é um vienense judeu chamado Freud.
O título nacional pode sugerir uma comédia maluca. Nada mais equivocado. O filme é sombrio como sua cópia de qualidade questionável.
O livro ("Hotel New Hampshire", no original e como o livro foi lançado no Brasil, pela Record) ficou meses no topo da lista dos mais vendidos nos EUA, em 1981. Seu princípio estava contido no romance anterior de Irving, "O Mundo Segundo Garp" (1978), no qual o narrador, Garp, revela que planeja escrever um livro chamado "My Father's Illusions" (As Ilusões de Meu Pai).
São as ilusões de um pai sonhador que arrastam a família Berry para o ramo hoteleiro, nele investindo e perdendo todo o seu dinheiro. Até que, numa reviravolta de tablóide, impedem terroristas de explodir a Ópera de Viena e se tornam heróis internacionais.
Entre os cinco filhos dos Berry, estão Jodie Foster, que faz a menina "famosa" da escola, e Rob Lowe, obcecado por musculação e pelo corpo da irmã. Já Foster é apaixonada pelo capitão do time de futebol de seu colégio -Matthew Modine-, e assim continua mesmo depois de ele a estuprar, com todo o resto do time.
Nastassja Kinski interpreta outra personagem memorável: ela é uma lésbica tímida, que se acha feia, apaixonada por Foster, e se refugia, na maior parte do filme, dentro de uma fantasia de urso.
Com um elenco capaz de atrair muitos curiosos, "Um Hotel muito Louco" tem a propensão de se mostrar frustrante, por seu humor deslocado em meio a tragédias e amoralismo.
As desgraças se sucedem, incluindo mortes e mutilações suficientes para se esquecer que corações também são partidos. Embora o pai sonhador, interpretado por Beau Bridges, procure o tempo todo por um final feliz, não existem finais, escreve Irving e dirige Richardson.

Filme: Um Hotel Muito Louco
Direção: Tony Richardson
Elenco: Rob Lowe, Jodie Foster, Beau Bridges, Nastassja Kinski.
Distribuição: Europa (tel. 011/725-5279)

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