São Paulo, quarta-feira, 21 de fevereiro de 1996
Próximo Texto | Índice

Genros de Saddam voltam ao Iraque

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Dois genros do presidente iraquiano, Saddam Hussein, que abandonaram o Iraque há seis meses voltaram ontem ao país com suas famílias. O presidente perdoou os desertores.
Um comboio de limusines levou o general Hussein Kamel Hassan, seu irmão Saddam Kamel Hassan e familiares à fronteira da Jordânia com o Iraque.
Segundo a agência "Petra", o rei Hussein, da Jordânia, recebeu um telegrama dos dois irmãos agradecendo a hospitalidade.
Hussein Kamel, que chefiava o programa militar secreto do Iraque, fugiu para a Jordânia em agosto passado, com seu irmão Saddam e as famílias. Na época, Saddam Hussein chamou-os de traidores. Solicitou à Jordânia a extradição deles, que foi negada.
Hussein Kamel se encontrou em Amã (Jordânia) com representantes da Comissão de Desarmamento para o Iraque, da ONU. Dias depois, o governo iraquiano divulgou dados sobre seu programa de armas de destruição em massa.
Esta semana, o rei jordaniano permitiu que um grupo de oposição iraquiano rival de Hussein Kamel abrisse um escritório em Amã.
Segundo diplomatas, ele passou a ficar isolado, pois a oposição iraquiana no exílio se recusou a aceitá-lo como líder.
O motivo teria sido sua participação na repressão à rebelião de iraquianos xiitas contra o governo em 91, após a Guerra do Golfo.
Os EUA também se recusaram a dar apoio a Hussein Kamel para derrubar Saddam Hussein -e ser seu possível sucessor.
"Seu estado mental ficou perturbado", afirmou um assessor do genro de Saddam Hussein. "Após declarações contraditórias, ele decidiu sair", disse o premiê da Jordânia, Abdul-Karim al Kabariti.
Um porta-voz do governo iraquiano disse que Saddam Hussein recebeu uma mensagem de Hussein Kamel, datada de 17 de fevereiro, pedindo para voltar a Bagdá.
A questão teria sido discutida no Partido Baath, que governa o Iraque. Assim que os desertores entraram em solo iraquiano, o porta-voz anunciou o perdão oficial.
Segundo especialistas, a volta dos desertores dependia de negociações para o fim de sanções da ONU contra o Iraque, impostas após a invasão do Kuait, em 1990.
Negociações para aliviá-las acabaram segunda-feira, sem acordo. O Iraque quer exportar até US$ 4 bilhões em petróleo por ano. A ONU quer controlar o dinheiro para dar comida e remédios a iraquianos e compensar o Kuait.
Um especialista jordaniano afirmou que a deserção poderia ter sido uma farsa, usada apenas para facilitar o fim das sanções.

Próximo Texto: Perdão provoca surpresa
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.