São Paulo, quarta-feira, 21 de fevereiro de 1996
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Conservador Buchanan acerta em temas

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Pat Buchanan é o campeão das bravatas até aqui na campanha presidencial norte-americana de 1996. Mas ele fez uma avaliação precisa ontem ao se declarar o vitorioso na "batalha dos assuntos".
Além dos ataques pessoais, os dois únicos temas que capturaram a atenção dos eleitores de New Hampshire foram explorados primeiro por Buchanan: comércio internacional e desemprego.
Bob Dole reconheceu ter sido forçado pelos eleitores a discutir essas questões e não ter previsto que elas teriam tanta relevância.
Steve Forbes, que não foi capaz de tratar de nenhum outro tema a não ser o fiscal, foi relegado a segundo plano pelos eleitores de New Hampshire.
Buchanan tem sido atacado tanto por Dole quanto por Lamar Alexander por suas posições protecionistas. Ele sugere que se imponham tarifas de 10% sobre as importações japonesas e de 20% sobre as chinesas, por exemplo.
Ele promete tirar os EUA da Organização Mundial de Comércio (OMC), que, segundo ele, ameaça a soberania nacional, e acabar com o Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta).
Tudo em nome de garantir empregos aos americanos. O tema está atraindo para Buchanan a simpatia de líderes sindicais democratas e de eleitores independentes que em 92 votaram em Ross Perot.
Buchanan não liga a mínima para as acusações de isolacionismo. Ontem, ele disse que até já tem um modelo para a "cerca" que pretende construir nas fronteiras dos EUA: a Muralha da China.
O interesse do eleitorado de New Hampshire pela questão do comércio é má notícia para Bill Clinton, o presidente que conseguiu extrair a fórceps de um relutante Congresso a adesão dos EUA à OMC e ao Nafta.
Outro tema em que Clinton não esperava ter dificuldades em novembro, mas terá se New Hamsphire for um bom indicador, é política externa.
Imagens dos atentados terroristas em Londres associadas com a calorosa recepção que Clinton deu à Gerry Adams, o líder do braço político do Exército Republicano Irlandês, podem ser um desastre.
New Hampshire mostra insatisfação também com o custo da implementação do plano de paz para a Bósnia, que enfrenta problemas.
Dole tem ainda atacado Clinton pela intervenção no Haiti para reconduzir ao poder um presidente que "em seu último ato reatou relações diplomáticas com Cuba".
(CELS)

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