São Paulo, sábado, 24 de fevereiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Econômico custa R$ 28,2 mi por mês ao BC

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Econômico está tendo um custo de R$ 169,74 milhões desde a intervenção -em 11 de agosto do ano passado- para manter suas portas fechadas e paralisada uma estrutura que envolve 9.500 funcionários e 279 agências em todo o país.
O custo mensal médio é de R$ 28,290 milhões -R$ 943 mil por dia- e, se as negociações para a venda do banco baiano não se concretizarem até o final de fevereiro, a conta chegará a R$ 198,030 milhões.
Os custos de manutenção do Econômico estão sendo retirados dos ativos que o banco está recebendo. Ou seja, estão saindo recursos próprios do banco.
O Banco Central sai prejudicado porque está deixando de receber esse dinheiro ou terá que arcar com mais essas despesas na hipótese do banco ser liquidado e não vendido.
O Econômico ainda tem que manter a remuneração dos seus passivos -caderneta de poupança, depósitos à vista, letras hipotecárias, etc- e o débito que tem junto ao BC.
Na época da intervenção, o banco de Ângelo Calmon de Sá devia ao Econômico R$ 3,5 bilhões. A remuneração dos passivos é de TR (Taxa Referencial) mais 6% de juros ao ano.
O custo é alto para manter o banco parado. A principal despesa do Econômico é com o pagamento de pessoal. De agosto a dezembro, foram desembolsados R$ 104 milhões para pagar somente os funcionários.
A média da folha de pagamentos foi de R$ 20,8 milhões por mês de agosto até dezembro, incluído o 13º salário e encargos sociais. Durante a intervenção, nenhum funcionário pode ser dispensado.
O segundo gasto mais alto é destinado para a rubrica outras despesas -R$ 5,5 milhões por mês.
Entre essas despesas está incluído o pagamento da manutenção de prédios de agências, por exemplo.
O Econômico e o BC estão negociando com o banco Excel a venda da parte "boa" que restou: os clientes e seus depósitos, créditos de boa qualidade e agências.
A venda ainda não foi concretizada porque o Excel e o BC têm divergências quanto aos ativos do banco baiano.
O BC já admitiu a possibilidade de haver prejuízos para os cofres públicos, porque o Econômico pode não ter como ressarcir integralmente os R$ 3,6 bilhões. Outros credores também poderão ficar sem receber.
As empresas não-financeiras do grupo de Calmon de Sá estão sob suspeita de terem cometido irregularidades. A Econômico S/A Empreendimentos, braço financeiro do banco de Calmon de Sá, deve ao Econômico R$ 419 milhões.
Processo
O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, determinou anteontem à superintendência da Polícia Federal, na Bahia, a abertura de inquérito policial contra o ex-proprietário do banco Econômico, Angelo Calmon de Sá, para apurar a ocorrência de crimes contra o sistema financeiro nacional.
Apesar da investigação, o ex-banqueiro poderá vir a ser denunciado na Justiça Federal antes mesmo do inquérito ser concluído.

Texto Anterior: BC vai rastrear empréstimos
Próximo Texto: Déficit pode chegar a US$ 3 bi, diz Bacha
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.