São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 1996
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Países disputam uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU

SÔNIA MOSRRI; DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E DE BUENOS AIRES

A Argentina já manifestou ao Itamaraty que se opõe ao ingresso do Brasil no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
A Folha apurou junto ao Ministério das Relações Exteriores que a Argentina argumenta que o Conselho de Segurança não pode ser alvo de demandas regionais -a mesma posição da Itália, Suécia, México, Paquistão e Indonésia.
Na realidade, a Argentina também quer uma vaga no Conselho de Segurança. A diplomacia argentina chegou a propor ao Brasil que os dois países pleiteassem em conjunto duas vagas no conselho.
O ministro da Defesa da Argentina, Oscar Camillion, não quis comentar o assunto, sob a alegação de que esse é um tema para a área diplomática.
Para a Argentina, o ingresso do Brasil no Conselho de Segurança representaria uma consolidação da liderança brasileira na América Latina. O Brasil tem o apoio da Índia, Alemanha, Japão e Egito.
A diplomacia brasileira avalia que o maior opositor ao ingresso do Brasil no conselho é o presidente argentino, Carlos Menem.
Menem desembarca hoje em Paris com a missão de conquistar o apoio do presidente da França, Jacques Chirac, ao ingresso de seu país no Conselho de Segurança.
Trata-se de uma estratégia de Menem -que disputa com Fernando Henrique Cardoso a condição de político mais influente da América Latina- para dotar seu país do status de Primeiro Mundo.
A pretensão tornou-se óbvia com a recente declaração do chanceler argentino Guido Di Tella de que "os argentinos se sentem mais europeus que latino-americanos".
A Folha apurou que os chefes do Itamaraty crêem que o Brasil é o candidato natural ao posto. E acham que não pesam apenas seu território, população e economia.
Sobre a Argentina, o Brasil teria a vantagem de ter enviado tropas em apoio aos aliados na Segunda Guerra Mundial. Foi ainda um dos sócios-fundadores da ONU, não entrou em conflitos bélicos e não sofre denúncias de violação das "regras do jogo" internacionais.
Já a Argentina responde pela ofensiva que gerou a Guerra das Malvinas e pelos recentes envios de armas à Croácia e Equador.
O secretário-geral da ONU, o egípcio Boutros Boutros-Ghali, começa amanhã, terça-feira, sua visita de seis dias ao Brasil.
Na agenda oficial, está a discussão da dívida dos países-membros com a ONU. Na agenda extra-oficial, o pleito do governo brasileiro de tornar o país membro permanente do Conselho de Segurança.
(Sônia Mossri e Denise Chrispim Marin)

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