São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Burocracia chega a atrasar enterros em até 20 dias
MARIJÔ ZILVETI
Fiorentina teve morte natural (causada por doença), em sua casa no Jabaquara (zona sul de São Paulo). O caso de Fiorentina não foge à regra. A peregrinação começa quase sempre em uma delegacia de polícia -só escapam os casos de morte natural assistida por médicos. Se a pessoa teve um infarto em casa, por exemplo, é preciso ir até a delegacia e registrar boletim de ocorrência (BO), procedimento que pode demorar de 20 minutos a horas, se houver fila. Registrar BO não basta. A partir desse momento, começa uma série de demoras (veja quadro ao lado). Se o caso for de morte violenta, a espera é ainda maior. A perícia precisa liberar o local onde houve o acidente ou assassinato. O office-boy José Cícero Caldas do Nascimento, 24, foi morto com um tiro no último dia 12, no Sumaré (zona oeste). A família passou sete horas na delegacia para fazer o BO. O corpo ficou dois dias no IML porque a polícia pediu um exame toxicológico e porque a família decidiu doar os órgãos. Morrem em média 230 pessoas por dia na cidade: 35 por morte violenta e 195 por morte natural (40 passam pelo SVO e 155 têm declaração de óbito do médico). Francisco Claro, diretor do IML, diz que faltam auxiliares e atendentes para a equipe do médico-legista. "Poderíamos cumprir os prazos se tivéssemos mais pessoal", afirma. O diretor do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), Alberto Angerami, 55, defende os procedimentos atuais. "É importante que o delegado visite a casa onde está o morto porque só ele pode determinar se a morte foi mesmo natural", diz. Como em São Paulo o serviço funerário é municipalizado, a família de um morto é obrigada a comprar o caixão da agência funerária. Ao todo, são 15 modelos com vários preços. O preço de outros itens -flores, velório e remoção do corpo até o cemitério- está atrelado ao modelo de caixão escolhido. O preço total de um enterro em um cemitério municipal varia de R$ 188,91 a R$ 4.368,11. Se houver cremação, o preço também vai variar de acordo com o caixão escolhido. Texto Anterior: Prioridade para o transporte público Próximo Texto: Serviço é só da prefeitura Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |