São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 1996 |
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Mago pode inflacionar mercado editorial
FERNANDA SCALZO
Machado, proprietário da editora Record, que tem Jorge Amado e Sidney Sheldom entre outros autores de grande vendagem, acha que o contrato de R$ 1 milhão despertou no meio editorial "emoções que estavam meio acomodadas". Pelo contrato assinado entre Coelho e a editora, o escritor recebe R$ 550 mil de adiantamento e R$ 450 mil serão investidos na publicidade do livro, o que soma R$ 1 milhão. Segundo Machado, muitos autores não gostam de fazer contratos desse tipo. "Não querem se sentir devedores da editora", disse. Jorge Amado, por exemplo, não trabalha com adiantamentos, disse Machado. O editor Luiz Schwarcz, 39, da Companhia das Letras, também disse que muitas vezes os escritores não fazem questão de adiantamentos tão altos. A Companhia das Letras não revela quanto paga de adiantamento a seus escritores nacionais que conseguem boas vendagens, como Fernando Moraes, Jô Soares ou Chico Buarque, por exemplo. O sucesso do novo livro de Paulo Coelho, "O Monte Cinco", pode causar um efeito inflacionário no meio editorial. "Agora existe uma preocupação dos editores se isso vai inflacionar o mercado. Vai depender muito se a aposta da Objetiva vai dar certo. Paulo Rocco (o editor anterior de Paulo Coelho) conheceu essa proposta antecipadamente e decidiu não empatá-la", disse Machado. Para o proprietário da editora Objetiva, o jornalista Roberto Feith, 44, logicamente, o "retorno é garantido". "Entro no Natal com o investimento zerado", declarou. "Paulo Coelho é um escritor cheio de gás e tem uma trajetória ascendente, basta ver o sucesso dele fora do Brasil", disse Feith. A editora Objetiva, que no ano passado teve um faturamento de R$ 4 milhões, tinha projetado para 96 um lucro de R$ 6 milhões. "Estimo que com este contrato com Paulo Coelho podemos passar a pensar em R$ 8 milhões, o que representa um aumento de cerca de 30% da expectativa", disse Feith. O fato é que o contrato de Paulo Coelho com a Objetiva é "um valor de responsabilidade em qualquer lugar do mundo", como disse Sérgio Machado. Com exceção dos EUA, onde os adiantamentos às vezes superam a casa dos US$ 5 milhões (John Grisham teria recebido US$ 7 milhões em 1994 para escrever "The Chamber"), os R$ 550 mil pagos ao mago Paulo Coelho são uma cifra que pode figurar entre os recordes. Em fevereiro do ano passado, a notícia de que Martin Amis teria recebido US$ 500 mil de adiantamento para escrever "A Informação" abalou o mercado editorial britânico. Texto Anterior: Coluna Joyce Pascowitch Próximo Texto: "O Quatrilho" bate premiados de festivais Índice |
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