São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 1996
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Atentados podem ter reflexo nas eleições

HOWARD GOLLER
DA "REUTER"

O primeiro-ministro Shimon Peres não quis falar sobre isso.
Mas, assim que assentar a poeira levantada pelos dois atentados de ontem, seu adversário direto na disputa pelo cargo de premiê no próximo dia 29 de maio, o direitista Binyamin Netanyahu, deve começar a cobrar responsabilidades.
Os atentados perto da estação de ônibus de Jerusalém e no ponto de ônibus de Ashquelon vão tornar mais difícil para Peres vender sua paz aos israelenses -para quem paz significa sentir-se seguro.
Antes das explosões, Peres liderava as pesquisas de intenção de voto por uma média de 15 pontos percentuais sobre o Likud de Netanyahu, contra os acordos de paz.
Parte do apoio vem na esteira da popularidade de que desfrutava Yitzhak Rabin, seu antecessor e co-arquiteto do processo de paz.
Mas, ao visitar o local do atentado em Jerusalém, foi atacado, aos gritos de "Peres, vá para casa" e "Morte aos árabes".
Questionado sobre o efeito dos ataques sobre as chances de seu Partido Trabalhista na eleição, Peres afirmou: "É a última pergunta que você deveria ter feito hoje".
Horas depois dos atentados, Peres, 72, e Netanyahu, 46, fizeram um acordo para evitar que a tragédia fosse explorada eleitoralmente.
"Se tudo acabar com os eventos de hoje, a influência não será devastadora", disse Shimon Shiffer, especialista diplomático do jornal "Yedioth Ahronoth", o de maior circulação de Israel. "Mas, se isso se repetir nos próximos três meses, será devastador."
Como Rabin, a reação imediata de Peres foi endurecer -suspendeu negociações com os palestinos e fechou a faixa de Gaza e a Cisjordânia. Mas muitos temem que ele não seja duro o suficiente com os inimigos enquanto faz a paz.

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