São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 1996
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Incidente deve afetar a corrida presidencial

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Para a política interna norte-americana, o incidente de sábado terá os efeitos de fortalecer a campanha de Pat Buchanan pela candidatura de oposição e de enfraquecer a do presidente Clinton em novembro.
Clinton vinha de forma lenta mas gradual acelerando a reaproximação dos dois países e não eram poucos os especialistas em política externa norte-americana que apostavam que em seu segundo mandato ele reataria relações com Cuba.
Fidel Castro também dava mostras de que as coisas caminhavam nessa direção. Após o enfrentamento de agosto de 1994 sobre a questão dos refugiados, Fidel pareceu respeitar mais Clinton e colaborar com ele.
A questão dos migrantes estava sendo resolvida de maneira satisfatória para os dois lados, Fidel havia liberado prisioneiros políticos a pedido de um aliado de Clinton, e os EUA vinham atenuando o bloqueio econômico.
Agora, esses progressos ficam -no mínimo- adiados por tempo indefinido. Clinton, para quem o Estado da Flórida é vital em seus planos de reeleição, vai endurecer o máximo que puder em relação a Fidel.
Ninguém vence eleição nenhuma na Flórida se tiver a hostilidade da comunidade cubana. Clinton sabe disso.
Para o presidente, o melhor cenário é que, se ele reagir com força e determinação, venha a capitalizar simpatias no país todo, como aconteceu com John Kennedy após o incidente dos mísseis em 1962.
A pior hipótese é que o eleitorado identifique em sua política externa a fonte de segurança de Fidel para agir como agiu no sábado. Nesse caso, os danos eleitorais para Clinton em novembro seriam grandes.
O caso ocorre no momento em que toda a equipe do governo que trata de América Latina está demissionária, à espera de seus substitutos.

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