São Paulo, segunda-feira, 26 de fevereiro de 1996
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Âncora firme, barca furada

Tanto no Brasil como na Argentina os planos de estabilização têm tido sucesso. Vingou a chamada "âncora cambial": quase tudo passa pelo afluxo de capitais externos.
Outro princípio desses modelos é o imperativo de mudar de âncora ao longo do tempo. Ou seja, aconselha-se trocar o artificialismo cambial pela âncora fiscal.
Contas públicas sadias são a condição não apenas para atrair capitais externos de longo prazo mas também, e principalmente, para que o investimento e a poupança decolem, propiciando crescimento econômico sem gerar inflação.
O critério decisivo para avaliar cada plano é a consistência com que se busca o equilíbrio fiscal.
De um ponto de vista mais de curto prazo, as notícias não são animadoras seja no Brasil, seja na Argentina, pois nos dois países a arrecadação vem caindo.
Mas de uma perspectiva mais ampla, a das reformas constitucionais e institucionais, a diferença entre Argentina e Brasil vem crescendo, com o Real em desvantagem. Nas últimas semanas, por exemplo, o presidente FHC comandou uma ofensiva pela reforma previdenciária cujo resultado mais claro foi adiar as decisões e a mudança.
No mesmo período, o presidente Menem conseguiu no Congresso argentino "superpoderes". Poderá reformar o Estado, demitir funcionários e responsabilizar autoridades que pretendam fazer gastos sem respaldo orçamentário.
Na Argentina ou no Brasil a âncora cambial parece firme. Mas sem ajuste fiscal, lá como cá, poderá ir a pique a barca da estabilização.

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