São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 1996
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Fujimori faz crítica indireta a Pertence

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do Peru, Alberto Fujimori, considera que o fato de não ter sido recebido pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Sepúlveda Pertence, durante sua visita a Brasília se deve à sua luta contra a corrupção na Justiça peruana.
No Rio, onde se encontrou com empresários, Fujimori declarou inicialmente que desconhecia os motivos que levaram algumas autoridades a não recebê-lo, mas que "havia algumas especulações".
Em uma crítica indireta à atitude de Pertence, afirmou, como uma de suas especulações: "No caso do Poder Judiciário, porque estou contra a corrupção do Poder Judiciário do Peru".
Em 92, em seu primeiro mandato, Fujimori fechou o Congresso e a Suprema Corte do Peru alegando que ambos os Poderes estavam dominados pela corrupção.
Formalmente, o presidente do STF alegou que sua agenda anteontem estava tomada de compromissos, o que impedia a recepção ao presidente do Peru. Pertence passou o dia em atividades rotineiras no Supremo.
O líder peruano também deixou de ser recebido pelos presidentes do Senado e da Câmara, José Sarney (PMDB-AP) e Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
Ontem em Brasília, ao saber das declarações de Fujimori, Pertence disse que não iria comentá-las.
O desembargador Paulo Medina, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, por sua vez, enviou telegrama ao presidente do STF manifestando-lhe solidariedade por não ter recebido a autoridade do Peru, "que afrontara o Judiciário do seu país".
O presidente peruano, após almoçar na sede da Associação Comercial do Rio, fez questão de elogiar a conduta de seu colega Fernando Henrique Cardoso.
"Foi uma recepção extraordinária, que traduz o nível ótimo das relações do Peru com o Brasil", disse. Fujimori afirmou que apóia a reeleição de FHC.
Durante o almoço na Associação Comercial, Fujimori fez um discurso que agradou aos cerca de cem empresários que lotaram o salão principal da instituição.
Sob aplausos, ele defendeu um Estado mínimo, "pequeno e eficiente", com a privatização do maior número de empresas públicas. Disse também que os empresários brasileiros seriam bem recebidos no Peru.
O grupo gay Atobá realizou um ato de protesto no Consulado do Peru, no Rio, contra a presença de Fujimori no Brasil e contra a prisão de 300 homossexuais em Lima. Durante a manifestação, queimaram uma bandeira peruana.
O presidente peruano chegou ontem de manhã ao Rio, vindo de Brasília. No final da tarde foi para São Paulo. Hoje, se reúne com o governador do Estado, Mário Covas (PSDB), e com empresários paulistas.

Colaborou a Sucursal de Brasília

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