São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 1996
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Brasil nega atraso no pagamento de contribuição para Nações Unidas

ANA MARIA MANDIM
DA REPORTAGEM LOCAL

"O Brasil não está atrasado no pagamento da contribuição à ONU (Organização das Nações Unidas)", afirmou ontem o diplomata Celso Amorim, embaixador do Brasil na organização.
O que acontece, segundo ele, é que os recursos orçamentários para saldar os compromissos relativos a 1996 ainda não foram liberados.
Amorim está acompanhando o secretário-geral da ONU, o egípcio Boutros Boutros-Ghali, 75, em visita de três dias ao Brasil. Boutros-Ghali chegou ontem às 8h30 a São Paulo com a mulher, Leia, e comitiva de dez pessoas.
Na chegada, o secretário-geral da ONU disse que "não há razão pela qual um país da América Latina não possa ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU". Ressalvou, no entanto, sua posição "muito neutra" e "objetiva" em razão de seu cargo.
Só cinco países têm assento permanente no conselho e direito de veto nas resoluções da organização: EUA, França, Rússia, China e Reino Unido. Dez outros países, eleitos a cada dois anos, são membros não-permanentes.
O Brasil já foi eleito sete vezes. Seu último mandato foi em 1993/94, mas será novamente candidato daqui a dois anos (1998/99). Japão e Brasil são os países que mais vezes se elegeram.
Desde 92, discute-se na ONU a reformulação do conselho. A decisão, ainda sem prazo, será tomada pela Assembléia Geral.
O Brasil é candidato a assento permanente. O Itamaraty defende a tese de que um conselho adequado à realidade internacional deve ter a participação dos países em desenvolvimento.
A Argentina, segundo o embaixador Celso Amorim, não faz "oposição frontal" à candidatura brasileira, mas posiciona-se contra a inclusão, no conselho permanente, dos países em desenvolvimento.
Amorim informou que, em 1995, o Brasil pagou cerca de US$ 40 milhões à ONU, incluindo débitos de 1994. Desse dinheiro, US$ 12 milhões referiam-se às operações de manutenção da paz, ficando US$ 5,6 milhões para serem pagos neste ano.
A contribuição do Brasil ao orçamento regular da ONU em 1996 será de US$ 17,6 milhões (cerca de R$ 0,11 por brasileiro). Além disso, para as operações de paz serão pagos US$ 18,7 milhões.
A contribuição regular dos EUA em 96 será de pouco mais de US$ 1 bilhão (cerca de US$ 4 por norte-americano).
O secretário-geral da ONU afirmou que o Brasil "felizmente está em dia" com a contribuição. Boutros-Ghali é candidato à reeleição ao posto, que assumiu em 1992. Do Brasil, irá para o México, na sexta-feira.
Ele foi ontem às 18h conhecer a biblioteca do industrial José Mindlin, colecionador de livros raros.
Depois, foi recebido pelo governador Mário Covas no Palácio dos Bandeirantes, onde assinou convênio do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) com a Secretaria Estadual de Educação. O convênio, de US$ 41 milhões, é financiado pelo Banco Mundial.
Boutros-Ghali jantou ontem no palácio. O menu: musse tropical (de frutas), perdizes assadas e sorvete de pitanga. O vinho, Chandon, branco e tinto.
O secretário-geral da ONU visita hoje a Universidade de São Paulo e, à tarde, viaja para Brasília.

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