São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 1996
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Grupo homossexual lança cartilha no PR

MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Três mil cartilhas começaram a ser distribuídas ontem em Curitiba (PR) a 2.190 prostitutas, 160 travestis e 130 michês que trabalham nas ruas, praças e casas de prostituição da cidade.
Elaborada pelo grupo "Dignidade, Conscientização e Emancipação Homossexual", a cartilha traz, entre outros serviços, informações sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, como a Aids, orientação jurídica e endereços de casas de apoio.
"É um guia de orientação para socorrer os trabalhadores do sexo. O guia deve andar na bolsa de todos", afirmou Toni Reis, presidente do grupo Dignidade.
Segundo Reis, a cartilha é resultado de um trabalho de quatro anos realizado pelo grupo e voluntários.
Nesse período, foram feitos contatos semanais com prostitutas, travestis e michês para identificar as necessidades e conscientizar sobre o perigo da Aids.
"Podemos dizer que hoje todos estão conscientizados da importância do uso da camisinha", afirmou Reis.
Segundo ele, foram visitadas 36 ruas e praças de Curitiba e 83 casas de prostituição da cidade.
O grupo constatou, entre outros problemas, que 70% das prostitutas não possuem nenhum tipo de documento de identificação e que 80% delas querem deixar de trabalhar na rua.
A cartilha foi financiada pelo Ministério da Saúde, que repassou R$ 40 mil para o projeto "Arrastão pela Vida", desenvolvido pelo grupo.
O dinheiro, segundo Reis, foi usado em campanhas, compra de preservativos e reuniões.
Clientes
Reis afirmou que para este ano o grupo está preparando o lançamento da segunda fase do projeto que consiste no esclarecimento dos clientes dos trabalhadores do sexo sobre o uso do preservativo "em qualquer circunstância".
Segundo ele, a maioria dos clientes chega a oferecer o dobro de dinheiro para não usar camisinha em um programa sexual.
"Vamos abordar os clientes que até hoje se recusam a usar preservativo, mesmo sabendo dos riscos que correm de contrair doenças como a Aids."
O projeto ainda está, segundo Reis, na dependência de aprovação do Ministério da Saúde para a liberação de recursos.

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