São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 1996
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Chuva pára trânsito nas zonas sul e leste de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

As fortes chuvas e o tombamento de um caminhão na marginal Tietê provocaram congestionamentos que atingiram, durante toda a tarde, a média normalmente registrada nos horários de pico.
As chuvas deixaram ainda cerca de 260 mil pessoas sem luz em todas as regiões da cidade.
Às 13h30, no horário em que a chuva começou, a soma dos congestionamentos na cidade era de 10,5 km. Às 15h30, duas horas depois, a cidade já registrava 88,4 km de trânsito lento.
A média no horário de pico da manhã, por volta das 8h, é de 80 km. No pico do final da tarde, sobe para 100 km.
A soma dos congestionamentos se manteve na casa dos 80 km até o fim da tarde, e a tendência era de piora, com o final do horário comercial e o aumento do número de veículos nas ruas.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou diversos pontos de alagamento na cidade, principalmente nas zonas sul, leste e centro.
Na avenida Aricanduva (zona leste), o córrego transbordou e, em alguns pontos, a água chegou a atingir 1,5 m. Próximo ao cruzamento com a av. Itaquera, vários carros ficaram ilhados, alguns totalmente cobertos pela água.O motorista de um Chevette subiu ao teto para esperar a água baixar.
"Eu via isso todo dia na televisão, mas foi a primeira vez que aconteceu comigo. Não deu tempo pra fazer nada, me senti impotente", afirmou Osvaldo Meligeni, pai do tenista Fernando Meligeni. Osvaldo e a mulher, Conceição, estavam em um Tipo 94, a caminho da casa de uma amiga, quando ficaram ilhados.
Neuma de Souza, também dona de um Tipo, ficou apavorada com a invasão da água, e se segurou no carro para não ser levada. "Foi de repente, não deu para fugir".
Na avenida Roque Petroni (zona sul), a água atingiu 2 m de altura, segundo os operadores da CET. Um caminhão fazia o transporte das pessoas que estavam do outro lado da avenida e precisavam chegar ao shopping, para trabalhar.
O motorista do caminhão, Geraldo Lourenço, 48, calcula ter transportado mais de 80 pessoas.
Uma delas foi o contador Antonio Soares, 38. Soares deixou o carro parado no início do alagamento e andou cerca de 1,5 km na chuva. Depois, teve de recorrer ao caminhão para atravessar a rua. "Só vim porque precisava visitar um cliente. Fiquei mais de uma hora tentando chegar."
No Brooklin Novo (zona sul), próximo ao córrego Água Espraiada, a água chegou a 30 cm de altura. O contador Antonio Silvano D'Aloisio, que mora em um sobrado na esquina das ruas Castilho com Conceição do Monte Alegre, disse que as enchentes naquela região só começaram depois da canalização do córrego, para a construção da avenida Água Espraiada.

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