São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 1996
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Casos suspeitos de leptospirose já são 88

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A Secretaria Municipal de Saúde já tem notificados 88 casos suspeitos de leptospirose -doença transmitida por água contaminada pela urina dos ratos- no Rio, após os dois dias de enchentes nos dias 13 e 14 de fevereiro. Até anteontem, eram 70.
O aumento do número de casos e a incidência em diferentes locais da cidade fizeram com que a secretaria municipal admitisse que o quadro já é de epidemia.
Em todo o Estado, o número de casos suspeitos chega a 97, pois, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, há outros nove doentes em Nova Iguaçu e Duque de Caxias (na região metropolitana do Rio).
A secretaria municipal aguarda o resultado de um exame de sangue para confirmar a primeira vítima fatal. Foi enterrado ontem um rapaz de 19 anos, que morreu com sintomas da doença.
O médico Sérgio Nóbrega, diretor do Instituto de Infectologia São Sebastião, centro de referência para o tratamento da leptospirose, acredita que surgirão novos casos.
"A doença se manifesta mais frequentemente de 10 a 15 dias após o contágio, mas podem aparecer novos casos até 10 de março." Nóbrega alerta que, se voltar a ocorrer enchentes até o início de março, a epidemia pode crescer, porque haveria novos alagamentos e focos de contaminação.
Segundo Ronaldo Gazolla, secretário municipal de Saúde, a principal estratégia para combater a epidemia é tentar diagnosticar a doença nos primeiros sintomas.
"Estamos pedindo a todos que apresentam os sintomas de uma gripe, acompanhados de febre alta, que procurem os postos de saúde e os hospitais. Todos os médicos estão orientados para ter sempre em mente a leptospirose."
Gazolla afirmou que é importante as pessoas não-contaminadas tomarem medidas preventivas, como não andar descalço em locais alagados e tratarem a água potável com água sanitária, na proporção de cinco gotas para cada litro.
Embora, em condições normais, a leptospirose tenha uma taxa de mortalidade de 15%, Nóbrega afirma este índice tende a ser reduzido quando há uma epidemia, porque as pessoas ficam mais alertas.
Pacientes com quadro grave de leptospirose têm complicações renais e pulmonares e precisam fazer hemodiálise (filtragem do sangue através de uma máquina).
Gazolla afirma que as máquinas disponíveis no sistema público de saúde são suficientes e que, se for necessário, 23 hospitais particulares poderão oferecer o tratamento.

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