São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 1996
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Piloto fugitivo denuncia Irmãos para o Resgate

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Um ex-piloto da Força Aérea cubana que desertou para os EUA há quatro anos e depois trabalhou como voluntário para a organização Irmãos para o Resgate voltou para Cuba na sexta-feira passada e anteontem atacou a entidade.
Juan Pablo Roque apareceu na televisão estatal cubana por 20 minutos para "denunciar à opinião pública mundial o verdadeiro caráter" da organização à qual esteve associado por três anos.
Seu retorno a Cuba na sexta-feira passada está cercado de mistérios. O governo dos Estados Unidos acha que ele foi um agente de Cuba "plantado" na comunidade anticastrista em Miami.
Em 1991, Roque, na época oficial da Força Aérea cubana e piloto de MiG-29, o mesmo tipo de aparelho que derrubou os aviões Cessna da Irmãos para o Resgate no sábado, chegou a nado à base norte-americana de Guantánamo.
Ele pediu e recebeu asilo político do governo norte-americano. Foi morar em Miami, onde escreveu um livro, "Desertor", foi informante da polícia federal dos EUA (FBI) e colaborou com a Irmãos para o Resgate.
Nem sua mulher, com quem se casou há um ano, diz saber como ou por que Roque retornou a Cuba. Amigos dizem que ele pode ter sabido de ameaças do governo de Cuba a seus familiares.
Jornalistas norte-americanos que assistiram o depoimento de Roque pela TV dizem que ele não parecia constrangido nem demonstrava estar agindo sob qualquer forma de coação.
Roque afirmou que a Irmãos para o Resgate planejava atirar explosivos sobre fios de alta tensão essenciais para o sistema elétrico de Cuba. Disse também que havia planos para contrabandear armas para Cuba.
O retorno de Roque para Cuba na semana passada pode indicar que o governo cubano sabia com antecedência da missão dos dois aviões Cessna.
(CELS)

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