São Paulo, quarta-feira, 28 de fevereiro de 1996
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O sonho acabou

O drama do ajuste no sistema bancário brasileiro prossegue.
O labirinto da incúria aumenta a cada dia, das novas revelações sobre o desmando no Banco Nacional aos entraves políticos ainda fortes que a "reestadualização" do Banespa enfrenta no Senado, passando pelo impasse crônico no caso do Econômico, envolvendo agora graves irregularidades cometidas ao que parece em conluio com o Banco do Estado da Bahia (Baneb).
Ao mesmo tempo, no Congresso Nacional aumenta o burburinho em torno de uma possível CPI sobre as relações entre o BC e os bancos privados ou mesmo sobre os critérios de gerência do Proer, programa para facilitar o saneamento dos bancos. Afinal, a lista de demandas políticas inatendidas tende a crescer à medida que aumenta a percepção do rombo dos bancos e dos recursos que o Tesouro Nacional pretende destinar ao saneamento.
Por que não há dinheiro para a Saúde, para as estradas, para os setores econômicos que precisam de crédito? É o que perguntam os políticos, atônitos diante de um Banco Central cuja credibilidade sai arranhada com as revelações de incapacidade crônica de supervisão das instituições sob sua jurisdição.
Administrar reformas bancárias é um desafio que exige enorme perícia técnica e grandes doses de credibilidade. A politização da questão bancária só aumenta o desafio.
Cedo ou tarde, os custos do ajuste deverão ser assumidos pelo governo e pela sociedade -e, espera-se- com a rigorosa responsabilização dos "responsáveis" envolvidos. O sonho de uma estabilização indolor acabou.

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