São Paulo, domingo, 3 de março de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Descoberta eleva uso de drogas

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

Quando descobrem que foram contaminados com o HIV, muitos brasileiros recorrem às drogas e começam a fazer mais sexo.
"O sexo vira uma válvula de escape assim como as drogas", afirma o antropólogo João Fernando Resende. "É muito fácil ser promíscuo em Nova York, onde há festas, bares, todos os tipos de ambiente para quem quer sexo."
Muitos portadores não se cuidam e só decidem ir ao hospital quando já estão com um avançado quadro de infecção. "Isso dificulta muito o trabalho. Quanto mais cedo eles chegam depois de detectado o vírus, mais fácil enfrentá-lo."
Segundo ele, os imigrantes ilegais não têm uma rede de proteção e, portanto, não se sentem estimulados a procurar ajuda.
"A droga vira um enorme consolo", diz João Fernando. "O pessoal cai na cocaína ou heroína."
Quando vão ao hospital, têm de passar pelo tratamento de HIV e, ao mesmo tempo, tentar se livrar das drogas. J.M., 38, tentou enfrentar o medo da Aids com heroína e cocaína. O corpo não resistiu e só agora resolveu se tratar.
Depois que soube que era portador do HIV, Mario Justino foi trabalhar como prostituto em Nova York. "Já tinha pirado."
O comportamento de Mário Justino é, na verdade, rotina para Wagner Denuzzo, assistente social que cuida de soropositivos. "A promiscuidade sexual é um dos mecanismos de defesa." Segundo ele, uma forma de negar a doença é aumentar a atividade sexual.
(DF)

Texto Anterior: Portador esconde diagnóstico de pais
Próximo Texto: Diretora comanda volta da 'Boca do Lixo'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.