São Paulo, domingo, 3 de março de 1996
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Economista de Chicago alerta para ajuste fiscal

Alexandre Scheinkman vê com preocupação o futuro do Real

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O carioca José Alexandre Scheinkman, 48, vê com preocupação o futuro do Plano Real, que este mês completa dois anos de sua introdução. Não é um olhar qualquer. Scheinkman é considerado o economista brasileiro de maior sucesso no exterior.
Seus estudos sobre finanças e sobre a dinâmica econômica das cidades o credenciaram a chefiar o prestigioso Departamento de Economia da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos.
Nos últimos seis anos, cinco professores de Chicago ganharam o Prêmio Nobel de Economia. Sem contar o mais notório dos laureados pela academia sueca, Milton Friedman, pai do chamado liberalismo econômico.
Fiel aos princípios de Friedman, Scheinkman elogia a discussão sobre a redução dos encargos sociais nas folhas de salários das empresas e critica o calcanhar-de-aquiles do Real, o déficit público.
"Assim como nos EUA, no Brasil há consenso de que é preciso acabar com o déficit nas contas do governo. O problema é que todo mundo quer fazer os cortes de gastos em cima dos outros", disse ele à Folha, por telefone.
Scheinkman é um dos maiores especialistas em números no mercado financeiro -participou da criação do mais famoso modelo matemático dos mercados derivativos, o Black & Scholes-, mas leva além o conceito da economia:
"Não penso em restringir o trabalho aos números. Economia é uma metodologia para se pensar em problemas sociais. Criar modelos matemáticos pode nos ajudar a interpretar coisas como a criminalidade nas cidades, por exemplo."

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