São Paulo, domingo, 3 de março de 1996
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Poucos itens concentram exportações

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A pauta brasileira de exportação para o Japão está concentrada em alguns poucos produtos. Alumínio, minério de ferro e celulose, juntos, renderam no ano passado US$ 1,3 bilhão -42% do total.
O desempenho do Brasil no comércio com o Japão poderia ter sido muito melhor do que foi em 95. Isso porque foi este o ano em que o Japão -tradicional exportador- começou de fato a reequilibrar suas contas externas, ampliando suas compras no exterior.
A valorização do iene frente ao dólar, que se intensificou em 95, fez com que as exportações japonesas perdessem competitividade e, por outro lado, aumentasse a demanda do Japão por produtos importados.
O superávit japonês, em seu comércio com o resto do mundo, ficou no ano passado em US$ 110 bilhões, enquanto que em 94 o saldo foi de US$ 130 bilhões.
A intenção das autoridades econômicas do Japão é reduzir esse superávit para algo em torno de US$ 55 bilhões até o ano de 1997.
O diretor do Decex (Departamento de Comércio Exterior) do Ministério da Indústria, Comércio e Turismo, Paulo Cezar Samico, vê alguns nichos nos quais os produtos brasileiros podem se dar bem no mercado japonês. Um deles é a venda de mármore e granito, em moda na construção civil japonesa, especialmente na comercial.
Outros itens com potencial, segundo o diretor do Decex, são suco de laranja, produtos alimentícios enlatados e ainda autopeças.
Mas para que o comércio entre os dois países cresça de fato, diz Samico, será necessário um esforço de reconstrução da imagem nacional, afetada depois da moratória de 87.
Para tanto, o Brasil desenvolve há três anos um trabalho em conjunto com a Jetro -agência do governo japonês encarregada de incrementar o comércio exterior do país.
Nesse período, o Brasil optou por apresentar aos empresários japoneses um produto por ano. Já foram apresentados o suco de laranja e o mármore/granito.
Para 96, o governo escolheu as autopeças -que se encaixam perfeitamente no quesito "maior valor agregado".
Neste item, por sinal, o Brasil apresentou um desempenho bastante ruim no ano passado. A exportação de autopeças para o Japão -que em 94 estava no modesto patamar dos US$ 270 mil- caiu 30%, ficando em US$ 187 mil.
O desempenho das exportações brasileiras, no entanto, é bom se comparado ao volume exportado por outros dois países latinos de economia emergente, a Argentina e o México.
O México exportou em 1994 US$ 1,3 bilhão ao Japão, enquanto que a Argentina vendeu bem menos no mesmo período: apenas US$ 436 milhões.
(LAC)

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