São Paulo, domingo, 3 de março de 1996
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Edmundo pode realizar dupla vingança hoje

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Não tenho a menor dúvida de que a ida de Edmundo para o Corinthians foi um gesto de dupla vingança: do jogador, contra seus desafetos, uma multidão de rostos indefinidos que congrega jornalistas, alguns jogadores, dirigentes, torcedores, este ou aquele gandula, mas, sobretudo, o Palmeiras, onde o craque viveu seus mais intensos momentos de glória e depressões; e, da parte do Corinthians, aquele prazer secreto de vê-lo destroçar o arqui-rival.
Pois bem: hoje é o dia, como o reza o samba.
Afinal, a vingança não poderia ser mais completa e letal do que derrotar um Palmeiras louvado pela unanimidade como um deus "ex-machina", ou melhor, a verde máquina de fazer gols.
E, como complemento, acontecerá ainda a estréia de Leonardo, um centroavante pernambucano de breve e luminosa passagem pelo Vasco, como Edmundo em início de carreira, que esta tarde pode ganhar um nicho na galeria dos imortais do time de Parque São Jorge.
Como? Basta lembrar a sua estréia no Vasco, contra o Santos, no Campeonato Brasileiro do ano passado, quando fez, se não me engano, três dos cinco gols daquela virada memorável do Almirante na Vila.
Rápido, habilidoso, jogando nas costas de uma dupla de volantes ainda sob suspeitas, como Galeano e Sérgio Soares, quem sabe? Não é impossível, sobretudo jogando ao lado de Marcelinho e Edmundo.
Quero dizer que, embora o Palmeiras, neste momento, seja superior ao Corinthians, e a lógica lhe acene com o favoritismo, uma vitória corintiana não se insinua apenas pela força da tradição. Há, sim, uma possibilidade técnica, o que haverá de fazer deste clássico um capítulo à parte na longa e rica história de Corinthians e Palmeiras.
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Jogadores, comissão técnica, até o presidente Montenegro, de mãos dadas, naquela alegre ciranda de celebração à conquista da Taça Cidade Maravilhosa, em pleno estádio do Maracanã, não foi apenas uma comoção. Foi também uma expressão do espírito que reina em General Severiano, neste tempos em que levantar uma taça costuma ser um gesto de alívio com fortes doses de raiva.
Esse Botafogo, campeão brasileiro e carioca, recupera a alegria quase pueril que fez sua tradição, até mesmo nas loucuras de Heleno de Freitas. E, sobretudo, nos dribles impagáveis de Garrincha.
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A não ser que o Uruguai reincorpore o espírito de Obdúlio Varela, o Brasil seguirá fagueiro para Atlanta. Pois tudo indica que a performance brasileira diante dos venezuelanos, sexta, não foi coincidência, mas consequência.
Afinal, se Carlinhos e Narciso aprontavam, isso poderia ser considerado natural. Mas não é natural Juninho, Souza, Sávio, enfim, rigorosamente todos os nossos craques, jogarem o que estavam jogando antes da partida contra a Venezuela.
Sávio foi soberbo, Juninho melhorou sensivelmente e Souza, bem, Souza acabou cedendo seu lugar a Beto, que, em três ou quatro lances, já justifica sua entrada no time.

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