São Paulo, segunda-feira, 4 de março de 1996
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Expulsão de Edmundo tirou chance da virada

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Aí, então, o técnico Eduardo Amorim armou tudo direitinho para fechar todos os caminhos que o Palmeiras costuma percorrer para somar suas goleadas neste campeonato: plantou três volantes -um deles, o beque André Santos- à frente de sua zaga, chamou Zé Elias num canto e deu-lhe a instrução específica: impedir a qualquer custo as descidas fatais de Cafu ali pela direita do ataque inimigo.
Bola rolando, Cafu entra, cruza, Djalminha estica um carrinho, gol. Daí até o gol bem anulado de Luizão, passando pelo segundo, de Júnior, só deu Palmeiras, que poderia ter ido para o intervalo com uma vantagem consagradora.
Assim, só restava recorrer ao talismã Tupãzinho para a volta ao campo no segundo tempo. Se não por sortilégio, ao menos pela lógica, que exigia um mínimo de habilidade no setor. Não deu outra: o jogo virou de cabeça pra baixo, e, depois de desperdiçar três chances seguidas, o Corinthians teve o gol de Edmundo.
Com a expulsão de Djalminha, a virada estava no gatilho. Não fosse, claro, Edmundo dar um soco nas costas de Sandro. Como o juiz é alemão, no seu dicionário, soco é soco. Fora Edmundo e a esperança da virada. Sobretudo depois de Cafu disparar pela direita e cruzar certinho na cabeça de Célio Silva, que meteu no ângulo, contra.
Fim de história. Ou a sequência de uma saga histórica do Palmeiras.
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E o velho lobo dos campos, no mesmo instante, calava a boca do falastrão Hector Nuñez: Brasil 3, Uruguai 1, com dois gols de Juninho, um deles, espírita, como se dizia nos tempos de Zagallo jogador.
Estamos em Atlanta. Mas, quem sabe, não conseguimos um fecho de ouro contra a Argentina, hein?
*
Muricy Ramalho e Zé Carlos Serrão foram os personagens deste sábado. Em Sorocaba, Muricy deu o show, na beirada do campo, que seu time não conseguiu dar dentro das quatro linhas, diante do Araçatuba: gritou, xingou, chegou até a reproduzir mímicas hilariantes, tentando animar o seu tricolor, que acabou vencendo por 2 a 0 graças ao juiz, que assinalou um pênalti nascido de uma falta anterior de Pedro Luiz em Márcio (desequilibrado, no ar, Márcio meteu a mão na bola), e a Rogério, que pegou tudo lá atrás.
Em Mogi, Zé Carlos elevou seu time ao topo da tabela, destroçando o Santos de Giovanni e tudo. Não só ganhou, como poderia ter perpetrado goleada histórica, não fosse a agilidade do goleiro Edinho.
O curioso é que Muricy e Zé Carlos, quando ainda calçavam chuteiras, fizeram uma dupla infernal de meio-campo no São Paulo dos anos 70. Reflexos rápidos, habilidade e toques desnorteantes eram os principais atributos dos dois, que, por isso mesmo, ou por mera coincidência, tiveram suas carreiras ceifadas precocemente pelos pontapés dos trogloditas da época.
Sábado, Zé Carlos viu-se no espelho quando o leve e solto Mogi colocava o Santos na roda. Já Muricy foi à loucura exatamente por não ver nenhum traço pessoal naquele joguinho tatibitate do São Paulo diante do Araçatuba.

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