São Paulo, segunda-feira, 4 de março de 1996
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Conservador vence eleição espanhola

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) perdeu as eleições de ontem na Espanha, após 13 anos no poder, mas por uma margem que os primeiros resultados indicavam ser inferior à prevista nas pesquisas.
Números oficiais, divulgados por volta de 21h30 (17h30 em Brasília), com 62% dos votos apurados, davam ao conservador PP (Partido Popular) 156 cadeiras no Congresso dos Deputados (a câmara espanhola) contra 143 do PSOE.
Projeção feita pela TVE (Televisión Española, estatal), a partir do início da apuração, indicava que o PP terminaria a apuração com uma vantagem de apenas 1,2 ponto percentual sobre o partido governista, de Felipe González.
Mas, quando a apuração já computava mais de 50% dos votos, os sociais-democratas ainda tinham porcentagem superior à dos conservadores, embora perdessem em número de cadeiras, distorção provocada pelo sistema proporcional (leia texto nesta página).
As pesquisas prévias ao pleito mostravam o Partido Popular 10 pontos percentuais à frente dos sociais-democratas.
Mesmo que a diferença inicialmente revelada pela apuração viesse a aumentar à medida que a contagem de votos avançasse, o fato concreto já definido é o de que o PP não conseguirá a maioria absoluta no Congresso de Deputados.
O próprio partido admitiu esse fato, na primeira avaliação feita por um de seus porta-vozes, Fernández Álvarez Casco, para quem o PP ficaria com 166 deputados.
O Congresso dos Deputados é formado por 350 cadeiras e a maioria absoluta (50% mais um) corresponde, portanto, a 176 vagas.
Álvarez Casco calculava que o PSOE ficaria com 131 deputados. Mas a projeção da TVE, a partir dos resultados iniciais, atribuía ao partido hoje no governo uma cifra maior, entre 134 e 143.
Os resultados iniciais contrastavam fortemente com a pesquisa boca-de-urna realizada pela empresa Ecoconsulting, sob encomenda da TVE.
Nela, o PP ganhava do PSOE por quase seis pontos percentuais (40,2% a 34,8%), o que corresponderia a entre 160 e 171 cadeiras no Congresso de Deputados para os conservadores e entre 125 e 135 cadeiras para o PSOE.
A boca-de-urna foi divulgada assim que terminou a votação, às 20h (16h em Brasília), após 77,5% dos 32 milhões eleitores inscritos terem votado no país.
O coordenador-geral da campanha do PSOE, Cipriá Ciscar, avisou logo que esperava que "a diferença se estreitasse consideravelmente" à medida que surgissem resultados oficiais e não meras pesquisas.
Por eles, a terceira força continua sendo a coligação IU (Esquerda Unida) que obteria 21 cadeiras no Congresso dos Deputados, três a mais do que na eleição anterior, realizada em 1993.

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