São Paulo, terça-feira, 5 de março de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Loyola depõe para tentar 'salvar' a imagem do BC

Presidente do BC fala a senadores sobre rombo do Nacional

MARTA SALOMON; GUSTAVO PATÚ;CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo quer atingir dois grandes objetivos na sabatina a que o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, será submetido hoje no Senado: evitar pressões para que a diretoria do banco seja demitida e enfraquecer a oposição, que tenta conseguir apoio para uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do sistema financeiro.
Loyola pretende informar fatos positivos como parte de sua estratégia de defesa.
Deverá anunciar para breve o envio de relatório contra o Banco Nacional ao Ministério Público, apoiar a proposta de punir os auditores de balanços fraudulentos e prometer aperfeiçoamento da fiscalização sobre os bancos.
Parlamentares governistas avaliam abertamente que a principal missão de Loyola no depoimento de hoje é afastar de vez a pressão pela abertura da CPI.
"Há muita inquietação no ar", disse o deputado Benito Gama (PFL-BA), vice-líder do governo e relator da medida provisória que criou o Proer -o programa de estímulo à fusão bancária. "Mas a Bahia não quer a cabeça do Loyola", afirmou.
"O governo não quer colocar nada debaixo do tapete, mas uma CPI com uma orientação irresponsável certamente criaria turbulência no mercado financeiro e mais dificuldades para a estabilidade da economia", sustenta o líder do governo no Congresso, deputado Germano Rigotto (PMDB-RS).
A Folha apurou que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não se opõe à instalação de uma CPI no Congresso, desde que o pedido conte com o apoio de 171 deputados e 27 senadores.
Outra tarefa encampada pelas lideranças governistas é dar força ao atual comando do BC, apesar da opinião consensual de que o banco falhou na fiscalização do sistema financeiro.
"Uma coisa é reconhecer que a fiscalização é deficiente e tem de ser rediscutida, outra é querer crucificar a diretoria", argumentou Rigotto.
Em diagnóstico feito por assessores de Loyola, concluiu-se que o BC precisa provar que não está assistindo passivamente irregularidades praticadas por bancos e ataques sofridos de parlamentares.
O BC reuniu, nos últimos dias, as propostas desenvolvidas pela área técnica para melhorar a fiscalização sobre os bancos.
A principal delas é a criação de um sistema informatizado capaz de verificar a solidez de um banco a partir de seus devedores. Essas propostas devem ser apresentadas.
MARTA SALOMON, GUSTAVO PATÚ E CARI RODRIGUES

Texto Anterior: Criminologia do prazer
Próximo Texto: O que Loyola precisa responder
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.