São Paulo, terça-feira, 5 de março de 1996
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Assassinatos de civis por PMs caem 49%

ROGERIO SCHLEGEL
DA REPORTAGEM LOCAL

Raio-x Proar
Criação: 4/9/95
Alvo: PMs envolvidos em ocorrência com morte
Integrantes: 182, até fev/96

O número de pessoas mortas em confronto com a Polícia Militar caiu 49% nos últimos seis meses na Grande São Paulo, em comparação com os seis meses anteriores. O dado foi divulgado ontem pelo Comando de Policiamento Metropolitano (CPM) e não inclui as mortes ocorridas em confronto com a Rota.
O comandante do CPM, coronel Elio Proni, 51, atribui a queda ao Programa de Assistência a PMs envolvidos em Ocorrências de Alto Risco (Proar), criado em 95.
O programa afasta o PM de seu posto por seis meses -um ano em caso de reincidência- e o faz policiar o centro a pé, por exemplo.
Nesse período, tem acompanhamento de psicólogos. A primeira turma, iniciada em outubro, volta para as ruas no início de abril.
"O objetivo é fazer o PM atuar mais com a razão do que com a emoção", afirma Proni. "Tentamos mostrar que a meta da polícia não é matar, mas prender."
Omissão
O Proar sofre resistência dentro da corporação. Segundo o capitão Telhada, 34, até agora o único oficial a integrar o Proar, ele é "um castigo para quem trabalha duro".
O capitão e os demais integrantes da turma que está no quarto mês do Proar afirmam que o programa está fazendo com que a PM se omita no atendimento a ocorrências.
"As companhias hoje demoram mais para atender chamadas ou chegam de sirene ligada para espantar", diz o sargento Armelin, do 17º Batalhão. "É o reflexo da punição que recebemos."
Para o capitão Telhada, os criminosos hoje "partem para cima" dos PMs porque sabem que existe "punição para quem os enfrenta".
Todos afirmaram não pretender voltar às funções anteriores. No final do Proar, o policial é avaliado e, se quiser, negocia novo posto.
Os dados do CPM mostram que o número de civis feridos em confronto com a PM ficou estável -116, de março a agosto de 95, contra 114, no semestre seguinte.
Mas caiu em 23,5% o número de PMs mortos (79, nos últimos seis meses, contra 102 registrados no período anterior). Os casos de policiais feridos também diminuíram 54,5% (15 contra 33).
A PM informou que não dispõe dos dados de homicídios em geral nos dois primeiros meses deste ano, mas dados da Secretaria da Segurança Pública mostram que eles vêm crescendo.

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