São Paulo, terça-feira, 5 de março de 1996
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Corrida 'em casa' assusta brasileiros

Pilotos temem pressão no Rio

MAURO TAGLIAFERRI
ENVIADO ESPECIAL A HOMESTEAD (EUA)

Nem bem o GP de Miami terminou, na tarde de domingo, e os pilotos brasileiros da Indy já começaram a sentir um especial frio na barriga somente por pensar que a próxima prova do campeonato será no Rio de Janeiro.
A expectativa de correr em Jacarepaguá já mexe com os nervos de muita gente, que sabe que quem joga em casa precisa ir para o ataque, ou toma vaia da própria torcida.
"É muita pressão para os pilotos latino-americanos começar a temporada em Miami e ir direto para o Brasil", afirmou Emerson Fittipaldi, que, embora veterano de 13 campeonatos na categoria, nunca correu no país pela Indy.
"Vou sofrer muita pressão no Rio. E o acerto do carro será um tiro no escuro. Não se sabe quanta pressão aerodinâmica teremos, que cambagem usar e nem qual tipo de pneu levar."
Emerson contou que, quando esteve no Rio, durante o Carnaval, sentiu que seria cobrado pelo torcedor. "As pessoas vinham falar comigo na praia. Vai ter pressão, mas ela é construtiva", afirmou.
E adicionou outro fator para lhe complicar a vida. "A pressão vai ser muito maior que no meu primeiro GP de F-1 no Brasil porque hoje tenho o dobro da idade."
Pilotos não tão experientes quanto Emerson também sentem emoções especiais às vésperas da Rio 400. "A ansiedade está cada vez maior", declarou André Ribeiro.
"Vou lembrar dos meus tempos de F-1. No Brasil sempre há uma pressão a mais. Mas também não é nenhum absurdo. Lidar com isso faz parte do meu trabalho", disse Christian Fittipaldi.
O segundo colocado da prova de anteontem, Gil de Ferran, espera contar com a frieza para combater as cobranças.
"A última vez que eu corri no Brasil foi em 87, em Goiânia. Preciso ver como eu vou reagir. Normalmente, quando entro no carro, esqueço até o nome da minha mãe", brincou ele.
"A pista do Rio é diferente de qualquer outro oval. O que os engenheiros conhecem vai valer muito pouco lá", acrescentou.
Raul Boesel, por sua vez, trabalha com dois tipos de pressão. Além da corrida em casa, o piloto vive a angústia de jamais ter vencido uma prova em 11 anos de Indy.
"Ganhar no Brasil seria mais que um sonho".

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