São Paulo, terça-feira, 5 de março de 1996
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Novo CD dos Cranberries chega em abril

DANIELA FALCÃO

DE NOVA YORK

Banda quer cantar em lugares exóticos

"To the Faithful Departed", terceiro disco da banda irlandesa The Cranberries, é um tributo aos mortos -John Lennon, Kurt Cobain e JFK. "Falamos muito de morte, mas o disco tem um tom otimista", disse à Folha Dolores O'Riordan, 23, vocalista e letrista da banda.
O novo CD do Cranberries será lançado mundialmente em 29 de abril. Os shows no Brasil serão em fevereiro ou março de 97. "A melhor coisa de ser uma banda famosa é tocar em lugares exóticos, em que a gente não faz a menor idéia do que vai encontrar. O Brasil é um desses países" disse Mike Hogan.
Leia trechos da entrevista que a banda concedeu à Folha, no último domingo, em Nova York.
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Folha - O Cranberries foi formado há cinco anos e vocês já venderam 18,5 milhões de discos. O sucesso assusta?
Fergal Lawler (baterista)- Nunca imaginei que a banda faria tanto sucesso. A fama me assustou no início, mas agora já me acostumei.
Dolores O'Riordan - Nós éramos muito novos quando começou o assédio da imprensa e acho que a inexperiência atrapalhou. Ficava deprimida quando lia comentários negativos.
Folha - Vocês se sentem pressioandos pela obrigação de continuar vendendo tanto?
Noel Hogan - Não, porque a gente não toca para o público, nem para a gravadora. Tocamos por prazer pessoal.
Lawler - Nós somos pé no chão. Continuamos morando no mesmo lugar, ninguém comprou mansão em Los Angeles. Não somos superstars, todo mundo aqui é normal. Fizemos a banda porque gostávamos de tocar juntos e continua sendo assim. Se o público e a crítica gostarem, ótimo. Se não gostarem, a gente volta para nossa garagem.
Folha - Seus dois primeiros discos são bem melancólicos...
Mike Hogan - Essa é uma característica da maioria das bandas do Reino Unido. Acho que acontece porque a hora ideal para compor é durante as depressões, quando os sentimentos estão à flor da pele. Se estou feliz, saio para me divertir com amigos, não fico trancado em casa debruçado numa partitura.
O'Riordan - Nos primeiros discos eu estava vivendo um momento miserável na minha vida pessoal e por isso as letras são tão amargas. Mas a dor foi embora. Me casei no ano passado e isso foi muito importante. Também aprendi que o mundo é ruim e não há nada que eu possa fazer. Aceitar as desgraças diminui a angústia.
Folha - Não é meio cedo para vocês terem virado conformistas?
O'Riordan - Talvez, mas é que tudo aconteceu tão rápido que nós terminamos queimando etapas. Isso nos obrigou a envelhecer mais cedo.

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