São Paulo, terça-feira, 5 de março de 1996 |
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Falta de maioria derruba moeda e Bolsa
CLÓVIS ROSSI
É a mais clara indicação de que os mercados financeiros esperam um período de instabilidade política porque o conservador PP (Partido Popular) não obteve a maioria absoluta na eleição de domingo. O futuro presidente do governo (primeiro-ministro), José Maria Aznar, líder do PP, tratou de enviar mensagens tranquilizadoras, assegurando que já iniciou negociações para obter a maioria parlamentar. Mas viu-se obrigado, pela própria evidência dos fatos, a admitir que será um processo "difícil". O PP de Aznar saiu das eleições com 156 deputados, 20 a menos do que a maioria absoluta (50% mais um) do Congresso dos Deputados de 350 integrantes. Pior ainda: a diferença sobre o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), que governou o país nos últimos 13 anos, foi insignificante em porcentagem de votos. Não passou de 1,4 ponto percentual (38,85% contra 37,48%). O PP terá, portanto, maiores dificuldades para governar do que o PSOE teve a partir de 1993, quando saiu das urnas com 159 deputados, três a mais do que o PP teve agora. Como o PSOE de 1993, o PP de 1996 saiu em busca de uma aliança com a coligação catalã CiU (Convergência e União), cujo líder, Jordi Pujol, não escondeu a euforia por voltar a ser o fiel da balança. "Nada se poderá fazer na Espanha sem contar com a Catalunha", disse Pujol, também presidente da Generalitat, o governo autônomo dessa região, no nordeste do país, de impregnado nacionalismo. O grupo terrorista ETA também age nesta região. Para tornar ainda mais difícil a tarefa de Aznar, o porta-voz da CiU, Joaquín Molins, ameaçou ontem votar contra a indicação do líder conservador para presidir o governo nacional. "Poucos programas eleitorais são tão opostos como os da CiU e do PP", diz Molins. Em todo o caso, Aznar já obteve promessas de apoio de dois outros grupos regionais, a Coalizão Canária (Ilhas Canárias) e a União Valenciana (Valência), o que lhe assegura, em tese, cinco votos para somar aos seus 156. Felipe González, o premiê derrotado, prometeu, como é de praxe nesses momentos, uma oposição firme mas responsável. Mas insinuou que, ante as dificuldades do PP para compor a maioria, estarão abertas "outras possibilidades". Parece uma indicação de que o PSOE poderia, na hipótese de um fracasso de Aznar, tentar ele próprio montar um governo, em coligação com outras forças, a exemplo do que ocorreu em 1993. Texto Anterior: Novo ataque faz 13 mortos em Israel Próximo Texto: Atentado mata policial Índice |
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