São Paulo, terça-feira, 5 de março de 1996
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GASTAR BEM, NÃO MAIS

Do panorama sobre a seguridade social no Brasil, publicado na seção Tempo Real deste domingo, o dado mais importante a resgatar é menos o fato de que o volume total de verbas ainda não recuperou os níveis anteriores aos cortes impostos pelo governo Collor e mais a evidência de que o poder público utiliza muito mal as verbas disponíveis.
Mantida essa lamentável situação, de pouco adiantaria aumentar o gasto para a área social. Na prática, o que aumentaria seria o desperdício.
O fundamental é dar eficácia aos gastos públicos, uma regra, aliás, que vale não apenas para a questão social, mas para toda e qualquer iniciativa do poder público.
Se seguir essa prioridade, o governo brasileiro poderá repetir o sucesso dos governos democráticos que se seguiram à ditadura do general Augusto Pinochet, no Chile. Nos últimos sete anos, a coalizão que governa aquele país vem corrigindo aos poucos as distorções sociais, sem incidir, no entanto, na prática populista de promover gastos sem receitas.
Nesse sentido, merece fortes reparos a iniciativa do ministro da Saúde, Adib Jatene, de buscar mais recursos para sua área, por meio da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), ainda que tenha o mérito de, ao menos, indicar de onde virá o dinheiro.
Falta, no entanto, o essencial: demonstrar que está aplicando corretamente as verbas já disponíveis.

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