São Paulo, quarta-feira, 6 de março de 1996
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Ramones se despede do público no Brasil

LÚCIO RIBEIRO
DO "NP"

Quem for testemunha dos derradeiros shows da banda americana Ramones, dias 11, 12 e 13 no Olympia, corre o risco de entrar para a história do rock.
Em entrevista à Folha por telefone, de Nova York, o vocalista e guitarrista Joey Ramone declarou que as apresentações de São Paulo e da Argentina serão filmadas e vão virar "a antologia final dos Ramones."
"Vamos colher um vasto material para um vídeo e um álbum com esses shows. O vídeo será um documentário da banda em homenagem aos nossos fãs. Vai ser o último legado que os Ramones deixarão ao rock", falou Joey.
A previsão de lançamento do vídeo e do disco ao vivo, segundo o Ramone, é para o próximo Natal.
A turnê "Adios Amigos" marca o fim da banda depois de 15 álbuns e 22 anos de estrada. Desde 1974, a fórmula dos três acordes acelerados e distorcidos, marca registrada dos Ramones, influencia e é copiada por dezenas de bandas. De Sex Pistols a Green Day.
Mas a banda cansou. "Não dá mais pra ficarmos metade do ano excursionando e a outra trancados em estúdio. Quero viver minha vida sem os Ramones. Todos os rapazes da banda têm outros planos", decretou o Ramone líder.
Joey já está com seu tempo tomado pensando em convites pra cinema (tem duas propostas para atuar), produzindo um programa de rádio na Internet ("Joey Ramone's Radio Cool", da revista de rock "Addicted to Noise") e promovendo a cena underground de Nova York (ele é o guru de bandas independentes como D-Generation e Stop).
E por que os Ramones escolheram a América do Sul pra se despedir do mundo do rock?
"Os fãs daí realmente amam os Ramones. Acho até que do mesmo modo como as pessoas costumavam ser loucas pelos Beatles por aqui", diz o guitarrista. "É um tipo de paixão, amor, admiração e devoção. Nossos amigos nos EUA até nos chamam de Los Ramones, de gozação."
Essa idolatria toda é recíproca. Os latinos vêm rendendo um bom dinheiro pra banda nestes últimos anos de acaba-não acaba.
Os Ramones têm tocado para 50 mil pessoas em estádios argentinos. E desde o álbum "Mondo Bizarro", de 1992, o grupo anda recebendo discos de ouro por estes lados da América.
"Acho muito estranho que nossos primeiros discos de ouro tenham vindo da América do Sul. De qualquer modo, eles estão pendurados no meu banheiro", afirmou Joey Ramone.
Antes das datas em São Paulo, a banda toca no Rio de Janeiro. O show carioca é amanhã. O grito de "Hey ho, let's go" vai ser ouvido também em Mogi das Cruzes (na próxima sexta) e em Santo André (no domingo).
O guitarrista adiantou que os shows terão cerca de duas horas de duração. Serão 35 petardos, focalizando mais a história do grpo do que o último disco. "Não estamos preocupados em divulgar o disco. Estes shows têm que ser memoráveis tanto para o público quanto para nós."
A última apresentação de Joey (vocal e guitarra), Johnny (guitarra), CJ (baixo) e Marky (bateria) está confirmada para o dia 16, no estádio do River Plate na Argentina, com participação especial do roqueiro Iggy Pop. Os shows do Brasil terão abertura da Psycho 69, banda do Supla.
Os Ramones ainda cogitam tocar na versão deste ano do Lollapalooza, no verão americano. Depois: adios, amigos.

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