São Paulo, quinta-feira, 7 de março de 1996
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Senador errou e contribuiu para demora

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A previsão mais fácil do ano era a de que Bob Dole seria candidato. Por que demorou tanto?
Há três respostas: as fragilidades do candidato, seus erros de estratégia e as características do sistema eleitoral norte-americano.
A isso, some-se a excitação de jornalistas que sonhavam, ansiosos, com qualquer possibilidade de imprevisto e deram mais repercussão aos tropeços iniciais de Dole do que eles mereceriam.
Dole não é um grande candidato. Está há 20 anos em busca do que agora consegue. Detesta campanha, é um orador medíocre, parece incapaz de criar paixão no eleitor.
Para agravar as coisas, ele entrou na campanha com excesso de confiança, como se nada pudesse abalar seu favoritismo. Cometeu erros graves, como não ir a debates em New Hampshire, Iowa e Arizona.
Surpreendido pelas primeiras derrotas, reagiu com anúncios agressivos (e às vezes difamantes) contra os adversários, o que lhe custou ainda mais votos, e com ziguezagues no discurso, indo do centro aos extremos.
Como os primeiros Estados a manifestarem suas preferências são alguns dos mais conservadores, Pat Buchanan teve mais apoio no início do processo do que, com certeza, teria ao longo dele.
Mas o sucesso de Buchanan foi maior do que se antecipava, e alguns analistas acharam que ele poderia atuar sobre o eleitorado de outras regiões, o que não ocorreu.
Forbes investiu pesado em alguns Estados que não têm grande importância e que Dole ignorou. O empresário soube capitalizar essas pequenas vitórias e deu extraordinária sobrevida a sua campanha.
Como a maioria das primárias são "abertas" (nem só filiados ao partido participam), não se deve menosprezar o papel dos simpatizantes de Clinton que votaram contra Dole para prejudicá-lo.
Para o presidente, os escorregões de Dole foram mais que bem-vindos. Realçaram a vulnerabilidade de seu oponente, machucaram a unidade da oposição e lhe deram material de ataque para a campanha do segundo semestre.
(CELS)

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