São Paulo, sexta-feira, 8 de março de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Entre coronéis

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Fernando Henrique reuniu-se como raras vezes, ontem, com os coronéis.
Antes com governadores, depois com os senadores da "bancada nordestina". Nem ACM faltou, com Ney Suassuna à frente.
Já que é ano de eleição e todos jogam para a geral, no Congresso, em toda parte, o primeiro coronel entrou no tom -até de voz.
Em discurso cortado por palmas que lembravam cabos eleitorais, um discurso de palanque, com a expressão falsa bem própria dos palanques, Fernando Henrique mais parecia, também ele, um prefeiturável.
- Nunca perguntei de que partido é. Eu quero saber é se trabalha pelo Brasil. Se trabalhar pelo Brasil, tem o meu apoio.
(Palmas, palmas)
Estava distribuindo dinheiro, por conta de um programa de turismo.
Depois, atacou José Sarney, o coronel que armou as derrotas de anteontem. Disse que só ele, Fernando Henrique, tem coragem para enfrentar as dificuldades de conter a inflação, sem ceder ao populismo -como fizeram antes.
Foi na reunião com a bancada nordestina, que levou "um plano estratégico de desenvolvimento para a região, que se concentra na descentralização industrial, ou seja, retirar, fazer com que as indústrias não se concentrem no Sudeste, no eixo Rio-São Paulo".
Querem dinheiro, em forma de "incentivo".
É o ano eleitoral.
No raciocínio mais do que pragmático de Ney Gonçalves Dias, na Record:
- Mas nós vivemos numa democracia. Este é um ano eleitoral. Se o deputado acha que esse é um instrumento válido para ele fazer política, vai fazer o quê?
A palavra
Ciro Gomes, ainda à solta, ao menos serve para tanto. Foi ele o único com coragem para usar a palavra, ontem.
Falou abertamente, e repetiu, "chantagem".
Talvez não levem a sério, mas alguém teve coragem e chamou pelo nome.

Texto Anterior: FHC inicia amanhã viagem ao Japão
Próximo Texto: Deputado envia ação contra o FEF ao STF; Donos de cartório têm de se aposentar aos 70
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.