São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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"Não estou ansioso para voltar", diz FHC

DANIELA FALCÃO
ENVIADA ESPECIAL A SAN ANTONIO

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou anteontem nos Estados Unidos que não estava ansioso para voltar ao Brasil. "Não fico ansioso com nada", disse, durante passeio de barco em San Antonio (Texas).
Para FHC, sua meta mais importante quando voltar ao país será acompanhar de perto a reforma da Previdência.
"Quero acompanhar de perto as negociações com o Congresso. Não tenho dúvidas que o assunto mais importante do momento é a Previdência", disse ontem, antes de embarcar de volta para o Brasil após sete dias de viagem oficial no Japão e Estados Unidos.
O presidente afirmou que o desafio do governo será mostrar a congressistas e líderes trabalhistas que a reforma não irá acabar com a aposentadoria.
FHC não quis fazer comentários sobre a CPI dos bancos. "Não estou acompanhando os acontecimentos cotidianos. Só falarei sobre isso no Brasil." FHC chegou aos EUA no fim da tarde de sexta-feira, vindo do Japão, e ficou menos de 24 horas no país.
A parada em San Antonio teve dois objetivos: descansar do vôo de 14 horas e participar de homenagem aos soldados americanos do 5º Batalhão, que lutaram ao lado da FEB (Força Expedicionária Brasileira) durante a 2ª Guerra Mundial.
No discurso que fez antes de condecorar a bandeira do 5º Batalhão com a "Ordem do Mérito Militar", FHC afirmou que "não haverá paz duradoura enquanto persistirem a fome e a falta de esperança."
Segundo o presidente, a melhor arma para enfrentar as ameaças ao bem-estar da população é o desenvolvimento.
Depois da cerimônia no Forte Sam Houston, FHC embarcou para Brasília, por volta das 11h (14h em Brasília).
Na sexta à noite, o presidente jantou com o prefeito de San Antonio, William Thorton, militares norte-americanos e empresários.
Edward Whitacre, presidente da Southwestern Bell (companhia de telefone norte-americana) foi um dos empresários escolhidos para participar do evento.
A Southwestern Bell vem demonstrando interesse em participar dos leilões de privatização das telecomunicações no Brasil.
Amanhã, o ministro das Comunicações, Sérgio Motta, participa em Nova York de seminário sobre a privatização do setor.
Japão
A viagem ao Japão foi considerada um "sucesso" pelo presidente.
"Não houve sequer um ponto de conflito. Estou muito otimista com a possibilidade de Brasil e Japão jogarem juntos a partir de agora."
Para FHC, a visita ao Japão foi importante porque além dos interesses econômicos, os dois países têm outros laços em comum. Segundo ele, a ida de dekasseguis do Brasil para o Japão foi fator decisivo na aproximação entre os países.
EUA
Logo que chegou a San Antonio, na sexta-feira, FHC encontrou-se com o secretário de Defesa dos EUA, William Perry, na base aérea de Kelly. O encontro não estava previsto. Os dois conversaram por cerca de cinco minutos.
FHC pediu a Perry que agradecesse a Bill Clinton, presidente dos EUA, pelos elogios que ele havia feito a FHC para o primeiro-ministro do Japão, Ruytaro Hashimoto.
Segundo Hashimoto, Clinton disse que FHC era "um homem muito confiável e o verdadeiro líder da América Latina".

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