São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Vigia custa 2,5 mil por mês em SP

ANTONIO ROCHA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Estado de São Paulo tem atualmente cerca de 250 empresas de segurança legalizadas junto à Polícia Federal, segundo cálculo das próprias empresas. O número de clandestinas, embora impreciso, é semelhante ao de legalizadas.
Cerca de 80 mil homens trabalham nas 250 empresas legalizadas. Esse mercado movimenta cerca de R$ 200 milhões por mês, se multiplicarmos o número de homens pelo custo de cada um. Uma empresa de segurança cobra R$ 2.500,00 mensais em média por um homem em serviço.
As maiores empresas legalizadas de segurança prestam hoje serviços também em outras áreas, como limpeza e alimentação.
Sérgio Laganá, 34, diretor e um dos proprietários da Impacto, empresa considerada de porte médio, atribui a expansão a dois fatores.
"Um é o aumento da criminalidade e a falta de condições da polícia para combatê-la. O outro é o crescimento da prestação de serviços e da terceirização como um todo no país, fenômeno que já ocorre há alguns anos no exterior", avalia.
Essas empresas investem na sofisticação. As maiores têm centrais informatizadas, que estão ligadas diretamente aos seus clientes.
A Impacto tem uma dessas centrais, que recebe informações imediatamente se, por exemplo, uma empresa cliente aciona um alarme.
Nesse caso, na central informatizada, um computador mostra exatamente que tipo de alarme foi acionado pelo cliente (de assalto, incêndio), em que horário e em que piso e setor está localizado.
A informatização, segundo ele, permite até que as rondas noturnas de vigilantes dentro de uma empresa sejam checadas pela central.
Segundo Laganá, "o segurança tem de passar um bastão com um chip em pontos eletrônicos distribuídos estrategicamente e cujo roteiro ele tem de cumprir".
"No final da ronda, ele conecta o bastão em um ponto conectado com nossa central. Se o vigilante não passou por algum ponto da ronda, o computador acusa."
A modernidade das empresas contrasta com a falta de condições e o despreparo das pessoas que trabalham como segurança por não terem outra opção de emprego.
Em várias ruas do bairro do Pacaembu (zona oeste de São Paulo), por exemplo, é possível encontrar motoristas, pedreiros e até jardineiros que trabalham como vigias.
Alguns têm como pedir ajuda em caso de assalto. Como Edvaldo (não deu o sobrenome), que virou segurança há dois anos, após perder o emprego de motorista.
"Um dos moradores da rua tem seguranças dentro da casa. Eles têm um alarme ligado direto com a polícia. Se houver algum problema, nós avisamos", diz Edvaldo.
Situação diferente vive o jardineiro Sérgio Bezerra de Almeida, 27, há seis meses vigia de quatro casas em uma rua no Pacaembu. "Se acontecer algum assalto, tento avisar alguém. Se der..."

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