São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Guarda tem 12 horas de trabalho por dia

DA REPORTAGEM LOCAL

José João dos Santos tem 36 anos. Ele trabalha há sete anos como vigilante de seis casas em uma rua no Pacaembu (zona oeste de São Paulo).
Nascido em Canapi (AL), mesma cidade da família da ex-primeira-dama Rosane Collor, ele conta que seu primeiro emprego em São Paulo foi como ajudante de pedreiro em uma construção.
"Gosto de trabalhar aqui como segurança. O único problema é o salário", afirma Santos.
Hoje, ele ganha R$ 285,00 por mês por 12 horas de trabalho diárias, das 7h às 19h.
Santos perde ainda cerca de três horas por dia em ônibus entre o trabalho e sua casa, localizada no Jardim Míriam (zona sul da cidade), onde mora com uma irmã e alguns sobrinhos.
Santos tem o primário completo. "Eu sei ler e escrever alguma coisa, mas não sou muito bom de conta", afirma o segurança.
Santos diz que virou vigia porque um de seus irmãos, seu antecessor no posto, precisou viajar para o Mato Grosso.
Sem recursos para se defender em caso de assalto, Santos trabalha em uma pequena guarita em frente a uma das casas. Faz suas refeições dentro da guarita.
Seu principal instrumento de trabalho é uma cadeira, onde às vezes se senta fora da guarita.
O vigilante dá "graças a Deus" por nunca ter sido atacado por ladrões em seu local de trabalho.
Mesmo assim, prefere não andar armado. "É perigoso. Eu não sou treinado para atirar e poderia acontecer uma desgraça", diz Santos. Se um dia acontecer algum assalto, ele diz que vai tentar avisar a polícia.

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