São Paulo, domingo, 17 de março de 1996
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Desemprego abala a engenharia civil

CARLA ARANHA SCHTRUK
DA REPORTAGEM LOCAL

Passada a época de ouro da engenharia civil, 20 anos depois a realidade é exatamente oposta: o desemprego abala a profissão.
"Os anos 70 foram de grandes obras do governo federal", afirma Ubirajara Tannure Felix, 45, presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo.
"Barragens, metrô e estradas nos custaram uma dívida de USŸ 150 bilhões, mas garantiram emprego para os engenheiros."
A recessão dos anos 80, segundo ele, acabou com quase todas as oportunidades que existiam na área. Atualmente, são escassos os trabalhos bem remunerados.
Há, no entanto, quem apresente uma visão mais otimista. Para Paulo Hellne, 46, chefe do departamento de engenharia de construção civil da Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), a iniciativa privada ainda é capaz de oferecer bons empregos.
"Tem sido assim pelo menos para os ex-alunos da Poli." Para ele, o que mais prejudica a área é o número excessivo de faculdades -são 132 em todo o país.
Isso contribui, segundo ele, para o rebaixamento salarial do engenheiro civil, que ganha em média R$ 3.000. O piso é R$ 1.110.
"Na Espanha, há apenas seis escolas da área e são formados 600 engenheiros civis por ano, com boa qualidade. Aqui há faculdades que nem sequer têm laboratório."
Os recém-formados preferem a iniciativa privada e fogem dos salários pagos por órgãos do governo. O Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo apresenta números que comprovam essa tese.
"A Prefeitura de São Paulo paga R$ 550 para 25% dos seus engenheiros civis. No Departamento de Estradas e Rodagem é igual."
Na iniciativa privada, as empresas de construção civil de grande porte são as que oferecem as melhores oportunidades.
A Método Engenharia é uma delas (leia reportagem ao lado). "Ampliamos recentemente nosso quadro de estagiários como exemplo de investimento nos novos profissionais", afirma o diretor Oscar Simões de Oliveira, 42.
A empresa dá preferência a candidatos formados em faculdades de renome, como Politécnica, FEI (Faculdade de Engenharia Industrial) e Instituto Mackenzie.
Quem passou por uma dessas faculdades, e por algumas empresas do setor, pode optar ainda pelo trabalho autônomo e abrir uma consultoria, área que está em crescimento. Os ganhos chegam a R$ 10 mil mensais (leia texto abaixo).
"Mas, para trabalhar por conta própria, é preciso já ter um nome no mercado, ou seja, no mínimo dez anos de sólida experiência", alerta Paulo Hellne, da USP.

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