São Paulo, domingo, 17 de março de 1996 |
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As razões da fadiga eterna
DO "LIBÉRATION" Deus, no sétimo dia, descansou. O corredor vacila e cai. O estudante adormece sobre livros... Pode-se estar cansado de existir, de ter nascido, de se levantar sempre um dia mais velho... Tantas são as formas do cansaço que recenseá-las levaria qualquer um ao esgotamento. Mas o que é o cansaço em si?Jean-Louis Chrétien em "De la Fatigue" (Sobre o Cansaço) tenta responder filosoficamente à questão. Chrétien investiga o fenômeno no pensamento grego e no pensamento bíblico. A filosofia grega identifica o incansável com o divino e faz do cansaço a determinação essencial do humano. Do "sentido bíblico e hebraico" do Deus infatigável, Chrétien extrai os ensinamentos mais preciosos. A convocação da filosofia se torna legítima quando se observa que estar cansado não tem sentido em si. Sempre se está cansado de alguma coisa: de correr, de trabalhar, de esperar... O cansaço não é "alguma coisa", mas uma "dimensão da condição humana". O que há na existência que a torna originariamente cansativa. O que faz o esforço derivar do cansaço, e não o contrário? Ser. Pois ser é ter que ser, é assumir "um compromisso com o existir". O cansaço deriva de ser, pois é preciso incessantemente se construir, querer, saber e poder. Como escreve Lévinas, "na viagem da existência é necessário cuidar o tempo todo das bagagens". Onde encomendar - "De la Fatigue", de Jean-Louis Chrétien (Éditions de Minuit, 172 págs., 149 francos) pode ser encomendado, em São Paulo, à Livraria Francesa (r. Barão de Itapetininga, 275, fundos, tel. 011/231-4555) e, no Rio de Janeiro, à Livraria Marcabru (r. Marquês de São Vicente, 124, tel 021/294-6396). Texto Anterior: Os divertimentos sexuais do senhor Sigmund Freud Próximo Texto: Um estilo em descompasso Índice |
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