São Paulo, sexta-feira, 22 de março de 1996
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Chuva prejudica safra no Sul e Sudeste

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Nunca foi tão verdadeira a afirmativa de que a agricultura é um investimento de alto risco como está sendo nesta safra de verão. No último trimestre do ano passado, muitos agricultores foram forçados a adiar o plantio devido à seca.
Os que não adiaram tiveram um desenvolvimento irregular de suas culturas, o que provocou perda de produtividade.
Passado o drama da seca, veio o da chuva. Em plena colheita, as máquinas estão quase todas paradas nas regiões Sul e Sudeste. No Centro-Oeste também chove, mas o tipo de terreno da região facilita mais a utilização das máquinas.
No norte do Paraná, a colheita está parada há 15 dias, diz Santo Pulcinelli Filho, do núcleo regional da Deral (Departamento de Economia Rural) de Cornélio Procópio.
As chuvas não são em grande quantidade, apesar de estarem fora do normal para este período do ano, diz. "A continuidade delas, no entanto, é que atrapalha o desempenho da colheita", afirma.
A colheita está em compasso de espera. O cerealista José Pitoli diz que apenas de 10% a 15% da safra foi colhida, contra 60% no mesmo período de 1995.
O volume de chuva ainda não comprometeu a qualidade do produto, diz Pitoli, mas preocupa se as chuvas continuarem.
Os produtores de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul também enfrentam o mesmo problema. A safra está represada devido às chuvas, segundo Antonio Chedid, corretor paulista que esteve na região nos últimos dias.
A maior preocupação dos produtores desses dois Estados é que começa a aumentar o índice de defeitos nos produtos, diz.
No Rio Grande do Sul, até a safra de arroz sofre os efeitos da chuva. Segundo o analista de mercado Romeu Fiod, apenas 10% da safra de arroz da região já foi colhida.
No sudoeste de Goiás, as chuvas atrapalham, mas menos do que nos outros Estados, diz o engenheiro agrônomo Pedro Martins do Valle, da Comigo (cooperativa da região).
A interrupção da colheita mexeu com os preços. O mercado trabalhava com pouco produto e preços firmes à espera da safra.
Como o produto novo é pouco, os preços estão registrando níveis históricos para este período.
Chedid acredita, no entanto, que o patamar de preços recuará logo que houver uma estiagem e a safra recomeçar.
As cooperativas do Paraná estão vendendo milho a R$ 7,50 a saca, um preço nunca registrado em plena safra, diz o corretor. Já o preço pago ao produtor se mantém em R$ 6,70 a saca.
No Mato Grosso do Sul, a saca do milho já supera os R$ 6,00 para o produtor, diz Chedid. O mesmo ocorre com o arroz. A saca do produto em casca está entre R$ 9,50 e R$ 10, um valor atípico para este período do ano, diz Fiod.

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