São Paulo, sexta-feira, 22 de março de 1996
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O 'gigante' Tyson

WILSON BALDINI JR.

Na semana passada, uma grande dúvida ameaçava os amantes do boxe. Mike Tyson ainda era o "Iron Man"? A pergunta não demorou para ter resposta.
Foi quando o árbitro Mills Lane chamou os dois lutadores para orientações.
O "pseudo-campeão" Frank Bruno parecia Papa em dia de benção comunitária no Vaticano. Distribuía "sinais da cruz". Foram mais de 20 do vestiário até o ringue.
Cheio de tiques, Bruno parecia criança que fez algo errado e estava prestes a sofrer uma surra. Aliás, a segunda.
Já havia perdido para Tyson, em 89. E, naquela vez, até descolamento da retina sobrou para ele. Como diz o ditado: "Quando a água começa a bater na cintura..."
Já o "baixinho" Tyson estava sereno e certo de que repetiria a dose.
E, como em quase todas as lutas, foi obrigado a olhar bem para cima para encarar o "bebê chorão".
Gesto que, segundo ele próprio, serve para analisar e procurar o melhor lugar no rosto do adversário para endereçar seus golpes.
Depois do combate, foi o adversário quem olhou para cima. Tyson parecia um gigante diante de Bruno. E este não conseguia se livrar das cordas, enquanto caía.
Finalmente, depois de 73 meses, a categoria "carro-chefe" do boxe volta a ter um verdadeiro campeão.
O entusiasmo é compreensível e aceitável. Tyson está de volta. Talvez 60% dele. Mas foi o bastante para depenar a primeira de uma longa série de "galinhas mortas".
Falam em Bruce Seldon, Frans Botha, Lennox Lewis, Evander Holyfield e Riddick Bowe. Mas o próximo deve ser George Foreman, por USŸ 50 milhões.
Plagiando a matemática: "a ordem dos triturados não altera o massacre".

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