São Paulo, sábado, 23 de março de 1996
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PT quer investigação paralela

DA SUCURSAL DO RIO

O PT (Partidos dos Trabalhadores) vai fazer uma investigação paralela sobre as denúncias de que o Nacional maquiava seu balanço.
O objetivo é tentar encontrar algum fato novo que permita que seja reaberta a CPI dos bancos. O deputado Milton Temer (PT-RJ) responde por esse trabalho no Rio.
A líder do partido na Câmara dos Deputados, Sandra Starling, esteve ontem no Rio para assistir, com Temer, o depoimento de Sant'Anna e se encontrar com o procurador da República Artur Gueiros.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que estava em Brasília, fez uma pergunta por telefone que foi lida pela juíza da 13ª Vara Federal, Marilena Franco, para que Clarimundo Sant'Anna respondesse.
Ele quis saber se o ex-vice-presidente tinha conhecimento de contas fantasmas no Nacional para patrocinar campanhas políticas. Sant'Anna disse que não.
Para os dois deputados do PT que acompanharam o depoimento de Sant'Anna "ficou claro que ele era subalterno e cumpria ordens", segundo Starling.
Temer disse que, pelo depoimento, Sant'Anna "só manipulava e consolidava sínteses dos balanços, só mexia na máquina de calcular". Temer afirmou que o ex-vice-presidente de Controladoria "é o mordomo" do caso.
Pergunta vale
Pela avaliação do Superior Tribunal de Justiça, não há nada que impeça um juiz de acatar sugestões de perguntas em um depoimento.
Caberá à defesa argumentar que o depoimento foi conduzido ou que houve algum tipo de prejulgamento por parte do juiz.
Especialistas em legislação ouvidos ontem pela Folha são unânimes em afirmar que o juiz tem autonomia total para conduzir o interrogatório.
Ives Gandra da Silva Martins, professor de direito da Faculdade Mackenzie, Saulo Ramos, ex-ministro da Justiça do governo Sarney, e Goffredo da Silva Telles, professor emérito da USP, afirmaram que não há ilegalidade nesse procedimento, pois o juiz é a autoridade máxima no interrogatório.

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