São Paulo, sábado, 23 de março de 1996
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Exército pressiona FHC a liberar verbas

RUI NOGUEIRA
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os militares vão pressionar a equipe econômica e pedir ao presidente Fernando Henrique Cardoso que ordene pessoalmente ao secretário do Tesouro, Murilo Portugal, a liberação de R$ 120 milhões.
Esse é o valor da dívida do Exército para com os seus fornecedores desde novembro do ano passado. O assunto foi discutido na reunião do Alto Comando, ontem e anteontem em Brasília.
Em conversas reservadas, os militares dizem estranhar que o governo tenha tanto dinheiro para salvar bancos falidos -só no Nacional foram investidos mais de R$ 5 bilhões- e se recuse, há mais de três meses, a liberar o dinheiro que o Exército foi autorizado a gastar.
Parte da dívida ainda é com os fornecedores de material para a tropa (1.100 soldados) que embarcou para a Missão de Paz das Nações Unidas em Angola, em setembro. O resto é fornecimento de alimentos, material de escritório e limpeza e fardamentos.
A demora no pagamento está submetendo o Exército a uma situação constrangedora -os fornecedores montam plantão à porta dos comandos e entopem os aparelhos de fax com cobranças de urgência no pagamento.
Nesta semana, chegaram ao quartel-general mensagens cobrando dívidas em Rondônia, Porto Alegre e Belo Horizonte. Oficialmente, os 15 generais que formam o Alto Comando foram informados de que o governo vai começar a liberar o dinheiro em parcelas.
Esse parcelamento, sem definição clara das liberações, não foi bem recebido. Na opinião dos militares ouvidos pela Folha, a política do Tesouro -de autorizar o crédito, mas não depositar o dinheiro- cria um clima de desconfiança que os fornecedores vão levar em conta nas próximas contas.
O que acontece, disse um assessor do ministro Zenildo de Lucena (Exército), é que os fornecedores tendem a superfaturar os seus produtos para "descontar" a demora no pagamento.
Promoções
A reunião do Alto Comando definiu também a lista dos oficiais que serão promovidos a general-de-divisão e general-de-brigada. Ao todo, houve seis promoções que serão encaminhadas na próxima semana ao presidente da República.
Luiz da Silva Muniz foi promovido de general-de-brigada a general-de-divisão. Foram promovidos de coronel a general-de-brigada os seguintes oficiais: Paulo Roberto (infantaria), Aurélio Cavalcante (cavalaria), Francisco José Fernandes (artilharia), Júlio César Hernandez (infantaria) e Luiz Reis de Mello (artilharia). Para o posto mais alto, general-de-Exército, não houve promoções.

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