São Paulo, sábado, 23 de março de 1996
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Contra o lixo no fut, o luxo do Luxemburgo!

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, o Palmeiras sabe melhor do que ninguém qual é a boa idéia para o futebol. 51 gols.
*
Wanderley Luxemburgo tem defendido uma idéia maravilhosa para o fut futuro.
Idéia esta que deveria se tornar um dos verdadeiros mandamentos para todos os técnicos de futebol.
O "coach" palmeirense quer, quando o seu time está vencendo, que ele continue atacando o tempo todo e marcando mais gols, não importa qual seja a margem da vantagem obtida até aquele momento pelos jogadores do seu time.
Na nova ética do fut implantada por Wanderley Luxemburgo, um time humilha o outro marcando mais gols -objetivo máximo do futebol- e não tocando a bola de ladinho, dando "olé" ou "administrando" o resultado.
Respaldado pela orientação do treinador, o time abriu o apetite e tem procurado marcar o maior número de gols possíveis e chegou a obter, nos últimos três compromissos, a incrível marca de seis (repito: seeeis!) gols em média por jogo.
Se continuar no embalo, o Palmeiras chegará ao nível dos 100 gols no Paulista, fato que eu não me lembro de ter ocorrido com nenhum outro time nos últimos anos (estatísticos, ajudem, please).
Conceitos futebolísticos como este desenvolvido pelo Wanderley Luxemburgo ajudam muito na consolidação do show do futebol.
Porque, mais do que uma questão de recordes e de números, trata-se de uma cabeça voltada para o aprimoramento técnico do futebol e do aumento da sua atratividade como espetáculo.
Mais gols, mais público, mais investimentos, melhores jogadores, que, fechando o círculo viciante e gostoso, darão novamente melhores espetáculos.
Luxemburgo colocou para o futebol um alto grau de exigência, que ele tenta alcançar.
Só ambições como essa permitem as grandes conquistas e a colocação da vida em novos (e melhores) parâmetros.
Até pouco tempo atrás, todo mundo tomava como verdade a idéia de que o futebol teria que se consolar com a produção de menos gols, porque os espaços estavam sendo totalmente preenchidos no interior das quatro linhas, que mais importante do que saber atacar era saber defender, que o futuro dos atacantes no futebol era nenhum etc., etc., etc.
Taí o time do Luxemburgo, com os seus incansáveis perseguidores da rede adversária, desmentindo todo o blá-blá-blá dos adeptos da covardia tática no futebol.
Repare que a excepcional média de gols do Ajax verde não esta sendo obtida em nenhum campeonateco, mas no torneio paulista, considerado o campeonato regional mais difícil de ser disputado no país -se é que não sou suspeito para fazer esta afirmação.
O time do Palmeiras está representando para o futebol, guardadas as proporções, o mesmo que a NBA representou para o basquete, o mesmo que Mike Tyson representou para o boxe, o mesmo que Emerson, Piquet e Senna representaram para o automobilismo no Brasil: uma mudança de padrão, uma mudança de medida, uma mudança de conceito.
Contra o lixo no fut, todo o luxo do Luxemburgo.

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