São Paulo, sábado, 23 de março de 1996 |
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Folclore e dança contemporânea se misturam em "Maracatu"
ANA FRANCISCA PONZIO
Nesta peça, especialmente, a concepção total não pode ser atribuída a Nascimento. A partir de tema, música e argumento definidos por Hulda Bittencourt, diretora artística do grupo, o coreógrafo tentou realizar a difícil simbiose entre folclore e dança contemporânea. O maracatu -cortejo coreográfico que a confraria do escravo alforriado Chico Rei realizava até a Igreja do Rosário, em Ouro Preto (MG)- serve de fio condutor, assim como a temática dos oito movimentos da música de Mignone. Tantas marcações circunscreveram a coreografia a uma estrutura convencional. A obra acaba aprisionada por seqências enfileiradas de forma literal. Mímica Nascimento privilegia a dança como recurso. Mas, em algumas cenas o gestual mímico é usado sem sutilezas. Na Dança dos Príncipes Brancos, por exemplo, a movimentação se detém apenas na troca de reverências entre os bailarinos. No geral, o coreógrafo demonstra capacidade de domínio cênico. Sabe lidar com a dinâmica teatral, e sua tendência em aliar sons percussivos aos movimentos dos bailarinos pode singularizar sua linguagem. Novas técnicas e informações também serão proveitosas para Nascimento, que estudou dança clássica com ótimos professores, mas também conheceu a irreverência de Lennie Dale. Valores brasileiros O importante é que companhias como o Cisne Negro apostem em valores brasileiros como Nascimento, que só poderão se desenvolver com a prática ininterrupta. O coreógrafo Rodrigo Pederneiras, também se deteve em idéias menos originais antes de chegar à identidade atual. Quanto ao elenco do Cisne Negro, percebe-se certa evolução depois da reformulação geral enfrentada nos últimos anos. Mais coeso, nesta temporada conta novamente com Beth Risoléu, uma das melhores bailarinas do Brasil. Espetáculo: Maracatu de Chico Rei e Cânticos Místicos Com: Cisne Negro Companhia de Dança Quando: hoje às 21h e amanhã às 17h Onde: Teatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/nº; tel. 222-8698) Ingressos: R$ 5,00 e R$ 30,00 Texto Anterior: "Hugh Grant é muito mais bonito do que eu" Índice |
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