São Paulo, domingo, 24 de março de 1996
Texto Anterior | Índice

Melhor de "Chatô" é não ser audiobook

SÉRGIO DÁVILA
DA REDAÇÃO

O melhor de "Dossiê Chatô, o Rei do Brasil" é não ter virado um audiobook, um livro falado.
A tentação parecia incontornável: baseado no best-seller "Chatô, o Rei do Brasil", de Fernando Morais, o programa afinal havia erguido sua base sobre o escritor.
Mas não. O documentário brasileiro em episódios, que estreou há duas sextas-feiras no canal de TV paga GNT, da Globosat, tem personalidade.
Pelo menos foi o que mostrou o primeiro capítulo, "Mais Rápido que a Palavra".
Dirigida por Walter Lima Jr., a série terá mais cinco episódios -o segundo foi exibido sexta passada-, sempre às 22h30 e sempre com 40 minutos de duração.
A intenção do produtor principal, o ator Guilherme Fontes, é clara: conseguir levantar os US$ 12 milhões que julga necessários para fazer "Chatô", o filme.
Sem grandes imagens
Parece que vai conseguir. "Chatô", o documentário, é bom. Aposta no certo, é verdade. Não há grandes ousadias, talvez porque um personagem de décadas atrás não proporcione grandes imagens.
Aliás, não deixa de ser irônico que o introdutor da televisão no Brasil, o grande Cidadão Kane brasileiro dos anos 50, não tenha deixado um acervo rico em imagens.
Mas a direção resolve o problema com depoimentos pertinentes e narração competente. Fernando Morais, por exemplo, por envolvido demais, surpreendeu: deu números, foi claro, objetivo.
O recurso de alternar aparições de "populares" anônimos e gente famosa funcionou igualmente.
Foi especialmente pungente o de Freddy Chateaubriand, filho reconhecido tardiamente, e o do historiador Frederico Pernambucano de Mello, fonte rica de memória.
Oscar
"Chatô" é mais que bem-vindo no ano em que o audiovisual brasileiro é (de novo) reconhecido mundialmente -goste ou não do filme, você já pensou que "O Quatrilho" concorrer ao Oscar amanhã pode ser só a ponta do iceberg?

Texto Anterior: Quatro por todas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.