São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1996
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Fazenda quer 'rolar' só créditos bons

Usinas podem ficar sem recursos

MÁRCIO DE MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Subcomissão de Financiamento do Proálcool, que está vinculada ao Ministério da Fazenda, já decidiu: vai propor ao governo o refinanciamento da dívida de apenas 200 usinas de álcool com o Banco do Brasil, no valor de R$ 1,7 bilhão.
Isso representa apenas 56,7% do total das dívidas das usinas com o BB, que chega a R$ 3 bilhões.
A dívida integral do setor sucroalcooleiro, incluindo os débitos com financiamento da safra, alcança R$ 4,4 bilhões, segundo estudo feito pelo BB para a Comissão Interministerial do Álcool (Cinal).
A Cinal é constituída por sete subcomissões, cada uma entregue a um ministério (Fazenda, Planejamento, Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, Agricultura, Minas e Energia e Indústria e Comércio, que coordena os trabalhos).
A diferença de R$ 1,3 bilhão entre o que será refinanciado e o total da dívida das usinas, já foi registrada contabilmente pelo BB como prejuízo, créditos em liquidação ou sob ajuizamento judicial -estes últimos podem ser recuperados ou não, por meio de cobrança.
O refinanciamento é uma das medidas de estímulo prevista no pacote do Proálcool, que o governo irá anunciar em breve.
Planalto
O pacote prevê aumento de quase 14,5% nos preços dos combustíveis, dos quais 11,95% se destinam a recuperar as margens de lucro das usinas, hoje bancada pela conta-álcool da Petrobrás.
Essa conta tem déficit anual de R$ 1,3 bilhão. Os recursos permitem ao governo manter o preço da gasolina superior ao do álcool.
O reajuste será seguido da liberação dos preços dos combustíveis nas bombas nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste, Distrito Federal e Goiás.
A subcomissão classificou aquelas 200 usinas como "passíveis de salvação". O que não ocorre com outras 80 usinas, consideradas "pacientes terminais" (38) ou "desativadas" (42).
Para a subcomissão, as usinas que receberam essas classificações não têm qualquer possibilidade de recuperação.
Apenas 66 usinas foram classificadas pela subcomissão como "saudáveis" -têm todos os compromissos fiscais, previdenciários e trabalhistas em dia, trabalham em regime de alta produtividade e estão adimplentes com os financiamentos do BB.

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