São Paulo, segunda-feira, 25 de março de 1996
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Confederação

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Com uma camiseta do Olodum que celebra a África, abraçando negros, cantando e dançando com negros, Michael Jackson parecia um negro, apesar da cor.
A "versão feita especialmente para o público brasileiro", segundo o Fantástico, que não apresentou o clipe original, mostra que o multiculturalismo anda tão forte que já mudou Michael Jackson.
Ele quer ser negro outra vez. Dança entre negros e diz "us".
Mas talvez seja o caso de dizer que o Olodum, ou melhor, a Bahia anda tão forte que mudou Jackson -e antes tocou Spike Lee, antes tocou grande parte dos artistas negros de Nova York, como o encenador George C. Wolfe.
Não apenas a Bahia. A valorização étnica no Brasil levou à criação de um programa aos domingos na MTV, que descobriu, afinal, a Bahia, Pernambuco, até o Rio Grande do Sul.
Território Nacional, o programa, apresentava ontem entrevista com a baiana Timbalada, um clipe folclórico carnavalesco nas ruas de Olinda, do pernambucano Alceu Valença, e a canção-tema do gaúcho "Quatrilho", com o baiano Caetano Veloso.
É a harmonia nacional na diversidade, alguém poderia dizer. Mas não é, não.
Não em Brasília. Quem diz é um gaúcho, Antônio Britto, em entrevista à Rede Brasil, sábado. Sobre o Congresso:
- O que está aí é por conta de impotências regionais, por conta de equívocos nacionais. Só que este negócio está gerando uma coisa perigosa. Sabe, 1937 foi há 60 anos. E agora é a bancada dos não-sei-o-quê, a bancada dos não-sei-o-quê... O Congresso começa a ter como eixo, em determinados momentos, regiões. Isso não é bom.
O que o governador gaúcho não conseguiu dizer com todas as palavras, Casseta e Planeta disse, no Fantástico, ao chamar José Sarney, por exemplo, de "presidente do Maranhão".
E não foi 1937. Foi 1932.

e-mail: nelsonsa@folha.com.br

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